Colaboração entre produtores e retalhistas será cada vez mais estreita

Consumidores exigem cada vez mais informação sobre o que colocam no carrinho de compras.

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Em Espanha, a Mercadona, um dos principais operadores, tem contratos estáveis de fabrico de marcas próprias PÚBLICO/Arquivo

Um relatório recente da consultora KPMG faz o diagnóstico da tendência: produtores, indústria e retalhistas vão trabalhar cada vez mais perto para garantir o abastecimento de alimentos. E isso pode traduzir-se não só no investimento directo dos comerciantes na produção (a chamada integração vertical), como em contratos de longo prazo ou até exclusivos com fornecedores.

Nos mercados mais desenvolvidos, os cinco maiores operadores da distribuição alimentar (ou seja, as maiores cadeias de hiper e supermercados) detêm cerca de 80% das vendas de produtos alimentares. “É quase certo que, no futuro, as empresas terão de aumentar as suas actividades de controlo e esforços de colaboração além do sector onde operam”, refere Chris Stirling, responsável global pela área de ciências da vida da KPMG.

O sector agro-alimentar resistiu à recessão mas é dos que enfrenta pesados desafios com as alterações climáticas, inovações tecnológicas e uma exigência cada vez maior de informação por parte dos consumidores. É, ainda, confrontado com escândalos que põem em causa a confiança nos produtos alimentares - da carne de cavalo detectada em lasanhas na Europa, ao leite contaminado na China (2008), além de tensões políticas como a do embargo russo. “Para ultrapassar estes desafios e prevenir tragédias futuras, será necessária mais colaboração na cadeia”, continua o relatório. A forma e extensão dessa parceria é uma decisão estratégica.

Em Espanha, a Mercadona, um dos principais operadores, definiu uma estratégia com os seus “inter-fornecedores”, produtores com quem tem contratos estáveis de fabrico de marcas próprias. São 120 com mais de 220 fábricas que, em 2014, investiram um total de 500 milhões de euros, a maior parte destinados a 30 novas unidades fabris e linhas de produção para o grupo. A intenção é criar uma cadeia de abastecimento sustentável, com um projecto comum. Outros exemplos são a criação de clubes de produtores, como acontece por cá no Continente ou no Intermarché.

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