A abençoada sofreguidão dos Useless Eaters na ZDB

O trio americano, autor em 2014 do recomendadíssimo Bleeding Moon, estreia-se esta sábado em Portugal. A primeira parte será assegurada por Duquesa

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A banda criada por Seth Sutton nasceu em Memphis mas habita hoje a São Francisco dos Thee Oh Sees DR

Se tiveram a bênção do tragicamente e precocemente falecido Jay Reatard e se têm também a bênção da Castle Face Records, a editora de John Dwyer, dos Thee Oh Sees (provavelmente a melhor banda rockn’roll a habitar o planeta neste momento), então só podem ser coisa boa. E sim, confirma-se: os Useless Eaters são realmente uma óptima banda, feita de nervo juvenil, percepção clara da história e uma sofreguidão a que é impossível ficar indiferente.

A banda nascida em Memphis mas hoje sedeada em São Francisco, que era projecto solitário de Seth Sutton mas que agora, diz ele, é banda a sério (juntam-se-lhe Miles Luttrell e Brendan Hagarty), estreia-se em Portugal este sábado com um concerto na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa (22h, 8€). Estarão na melhor das companhias: a primeira parte é assegurada por Duquesa, ou seja, Nuno Rodrigues, vocalista dos Glockenwise, às voltas com canções tão perfeitas quanto os amores e verões adolescentes. Será um bom contraste – não, não são paixonetas e calor estival que inspiram o trio americano.

A banda traz à ZDB Bleeding Moon, álbum editado em 2014 que nos mostra o melhor dela. Tem a agressividade eléctrica dos Stooges, doses recomendadas de psicadelismo tingido a negro ou o prazer pelo minimalismo rock’n’roll dos The Fall ou dos the Wire. São punk enquanto som subterrâneo que se revela para nosso entusiasmo e são donos de uma energia inspiradora, guiada pela voz envolta em eco, pelas linhas de baixo conduzindo as canções em volume altíssimo e pelas guitarras ora cortantes, metálicas, ora reverberando velhos blues devidamente pintalgados de alucinogénios.

Aquilo são os Useless Eaters em disco. Se quisermos prever o que serão em palco, dizem os relatos que bastará multiplicar a intensidade que a música gravada já revela. Só imaginá-lo já é incrivelmente prometedor.

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