Redes eléctricas europeias não foram abaixo com o eclipse

Receava-se, sobretudo na Alemanha, que a quebra momentânea de energia solar devida ao eclipse de sexta-feira acarretasse fortes perturbações no fornecimento de electricidade. Mas tal não aconteceu.

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As redes eléctricas europeias não sofreram perturbações apesar da quebra de energia solar durante o eclipse Marcelo del Pozo/REUTERS

As redes de fornecimento de electricidade na Europa conseguiram lidar com a quebra sem precedentes de energia solar devida ao eclipse de sexta-feira, que durou duas horas e meia e provocou uma repentina e maciça redução do fornecimento.

A Alemanha, que é a maior economia europeia e em cujo território se encontram algumas das maiores instalações do mundo alimentadas por energia solar, esteve no centro do acontecimento. Dos 89 gigawatts (GW) de capacidade solar europeia instalada, 38,2 GW são alemães, o que em teoria é suficiente para satisfazer metade da sua procura máxima.

A descida inicial de 15 GW na Alemanha foi inferior àquela que os operadores receavam. Por outro lado, foi possível utilizar outras fontes de energia (carvão, gás, biogás, energias nuclear ou hidroeléctrica) e a indústria também contribuiu ao reduzir as suas necessidades energéticas.

“O facto estarmos bem preparados resultou e conseguimos gerir todas as flutuações de produção”, disse Ulrike Hoerchens, porta-voz da TenneT, uma das quatro empresas que gerem redes de alta tensão na região – e a detentora do maior número de unidades fotovoltaicas.

A produção de energia solar alemã aumentou bastante desde o último eclipse notável, em 2003. Daí que a Alemanha, que partilha fronteiras com nove países, precisasse de provar que o seu mercado energético e os seus centros de gestão da rede eram capazes de funcionar em condições extraordinárias.

A produção total de energia solar alemã, que era de 21,7 GW logo antes do eclipse, desceu para um mínimo de 6,2 GW, seguida de um aumento de 15 GW no intervalo de uma hora, diz ainda a TenneT.

Há um ano que operadores em toda a Europa estavam a preparar-se para o evento, melhorando as comunicações e programando um reforço de pessoal no próprio dia.

Esta sexta-feira, a Europa assistiu a uma descida de 17 GW da energia solar total e a seguir a uma subida de 25 GW, diz por seu lado Pierre Bornard, vice-director executivo da rede francesa RTE. No Reino Unido, a rede eléctrica nacional anunciara que o débito deveria sofrer uma redução de 850 megawatts, mas que também estava prevista uma pequena descida na procura, uma vez que se esperava que as pessoas saíssem de casa para ver o fenómeno.

Em Espanha, a empresa Red Eléctrica declarou que os níveis das reservas tinham sido aumentados e que os grandes consumidores poderiam ter sido desligados caso fosse necessário, enquanto a italiana Terna desligou 30% da sua capacidade solar, compensando com outras fontes de energia. As redes norueguesa, dinamarquesa e checa também anunciaram ter conseguido controlar a situação.
 

   





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