Porque a felicidade é um assunto sério

Desde a Grécia antiga até à actualidade, milhões de linhas já foram escritas sobre felicidade. Dela, sabe-se que é algo que todos desejamos, mas que temos dificuldade em definir.

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broterham

Sobre felicidade já muito se escreveu e pensou ao longo dos tempos. Desde a Grécia antiga até à actualidade, milhões de linhas já foram escritas sobre felicidade. Dela, sabe-se que é algo que todos desejamos, mas que temos dificuldade em definir. E mesmo os pensadores que versaram sobre felicidade, também ainda não chegaram a um consenso (que nem sequer é provável que venha a existir).

A verdade é que foram, sobretudo, os filósofos e os escritores quem, ao longo dos tempos, mais se dedicou a tentar perceber o que é, e como se alcança, a felicidade. Pelo meio, misturam-se os religiosos, os místicos ou mesmo alguns políticos. Mais recentemente, os gurus da autoajuda.

Porém, felicidade não tem que ser um assunto apenas filosófico, muito menos místico ou etéreo. Pode (e deve) ser algo de muito concreto e pragmático. Afinal, não há ninguém que rejeite a possibilidade de ser feliz e, por isso, é preciso reflectir seriamente sobre o assunto para que a busca da felicidade siga a direcção correcta.

É nesse sentido que, recentemente, surgiu a ciência da felicidade, que mais não é do que o estudo científico da problemática da felicidade.

Através destes estudos multidisciplinares (medicina, neurologia, biologia, economia, sociologia, psicologia, etc.) faz-se luz racional sobre um tema antes apenas analisado segundo a óptica da retórica ou da opinião.

Hoje, já conseguimos perceber como fica o cérebro de uma pessoa feliz, o que caracteriza uma mente feliz e que políticas devem ser implementadas para se gerar felicidade nos indivíduos e nas sociedades.

Hoje, já se sabe que existem fortes correlações entre a sensação de felicidade e a saúde e a longevidade (pessoas felizes tendem a ser mais saudáveis e pessoas saudáveis tendem a ser mais felizes), entre a felicidade e a produtividade e a criatividade ou ainda entre a felicidade e a empatia e os comportamentos prós-sociais. Ou seja, a felicidade é valiosa intrinsecamente mas também instrumentalmente.

Do ponto de vista da economia, já se compreendeu que o crescimento económico tem rendimentos marginais decrescentes na produção de felicidade, o que obriga a que as políticas públicas apostem na qualidade das instituições, na justiça, na sustentabilidade, na democracia, na efectiva igualdade de oportunidades, na saúde e na educação, no equilíbrio entre lazer e trabalho ou no cultivo da qualidade das relações interpessoais (bens relacionais e capital social), atributos que não brotam automaticamente do aumento da riqueza ou rendimento nacionais.

Por isso, percebe-se que temos que olhar para muito mais do que o PIB se quisermos aferir do desenvolvimento e do bem-estar das nações (que é o que verdadeiramente importa).

No fim do dia, temos que perceber (e muitas instituições já o perceberam, sendo o dia mundial da felicidade, e o respectivo relatório que a O.N.U. produz a este propósito, um exemplo paradigmático) que, provavelmente, não há nada mais sério do que a felicidade (o verdadeiro fim da existência humana). Logo, é a ela que deve ser dada a máxima prioridade (na ciência, na política e na vida pública e individual) e devotado o maior respeito e consideração.

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