O dia 30 de Março foi a data apontada nesta quarta-feira para o recomeço do principal campeonato de futebol do Egipto, depois dos graves incidentes ocorridos no Cairo, no início de Fevereiro. O Governo egípcio decretou, porém, que os jogos serão, para já, disputados à porta fechada.

“O Governo deu o seu aval ao reinício do campeonato da primeira divisão, sem a presença de público e a partir de segunda-feira, dia 30 de Março”, avançou o gabinete do primeiro-ministro, Ibrahim Mahlab, em comunicado.

A competição, que conta com o português Jesualdo Ferreira no comando técnico do Zamalek, tinha sido suspensa depois da morte de 19 pessoas, a 8 de Fevereiro, nas imediações do estádio do clube agora orientado pelo treinador português. Algumas testemunhas dos confrontos entre adeptos e a polícia acusam as forças de segurança de serem responsáveis pelo “massacre”, depois de terem lançado gás lacrimogéneo sobre espectadores que estavam presos à entrada do recinto.

Na sequência dos incidentes, 16 pessoas (12 das quais adeptos actualmente detidos) deverão ser julgadas pelos crimes de vandalismo, homicídio e resistência às forças da ordem, sendo que este episódio de violência surgiu num dos primeiros encontros do campeonato abertos ao público depois da tragédia de 2012, em Port-Said. 

Há três anos, 74 pessoas perderam a vida nos graves tumultos entre adeptos do Al-Masry e do Al Ahly, dois clubes com forte rivalidade no Egipto. Nessa altura, o facto de a polícia ter mantido fechados os portões do estádio de Port Said contribuiu para o avolumar das vítimas, atacadas com facas, garrafas, pedras e tochas.