São empadas, foram feitas numa impressora 3D e estão vivas

Designer holandesa criou “Edible Growth”, um projecto de produção de alimentos saudáveis a partir de impressoras 3D. Bactérias “boas” e sementes levam até cinco dias a desenvolverem pequenas empadas que, na verdade, estão vivas

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São pequenos jardins de cogumelos e agriões que parecem empadas e, por estarem envoltos numa massa, são comestíveis. Produzidos numa impressora 3D, são o mais recente projecto da designer holandesa Chloé Rutzerveld, “Edible Growth”.

 

A partir de um ficheiro 3D personalizado, as múltiplas camadas são impressas: sementes, esporos e fermento. A estrutura de formato arredondado é feita de uma massa (como a de pão ou de biscoitos) que, quando cozinhada, assume uma consistência crocante. Funciona como “um exoesqueleto para uma colherada de ágar-ágar, uma gelatina feita a partir de algas que funciona como um substituto do solo para cogumelos ou esporos de agriões”, lê-se num artigo da “Wired”. Trata-se, no fundo, de pequenos “ecossistemas comestíveis com organismos vivos”, descreve a designer no vídeo de apresentação do projecto.

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Num período de três a cinco dias, os fungos sofrem maturação e o fermento altera o interior desta espécie de empada que, garante a designer, “contém todos os nutrientes de que o corpo precisa”. O aroma e o sabor do produto intensificam-se à medida que os dias passam e cabe ao consumidor decidir o momento de o provar.

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O desafio foi apresentado a Chloé no meio académico: a jovem estudava Design Industrial na Universidade de Tecnologia de Eindhoven quando um grupo de investigação de materiais propôs aos estudantes participarem num projecto de impressão de comida. Uma vez que chocolate e doces eram os ingredientes em questão, Chloé recusou. Preferia (e continua a preferir) trabalhar com alimentação saudável, “comida de verdade” — daí a ideia de pequenos jardins comestíveis.

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“Quero mostrar que a comida ‘high-tech’ ou produzida em laboratório não tem de ser nociva, artificial ou sem sabor”, escreve na sua página pessoal. Para isso faz um “uso inteligente” de processos naturais, como “fermentação e fotossíntese”, sempre com recursos reduzidos.

A comida do futuro

O “Edible Growth” foi desenvolvido durante o último ano, ao mesmo tempo que Chloé começou a trabalhar como designer alimentar. O seu objectivo é contribuir, de alguma forma, para a resolução de alguns dos problemas de alimentação de países em desenvolvimento.

Para já, este é um projecto ainda em desenvolvimento, um “conceito de comida de futuro” com o qual Chloé quer “inspirar cientistas, designers e cozinheiros”. A implementação de uma tecnologia como esta implicaria “novos tipos de infra-estruturas, como supermercados equipados com impressoras 3D e empregados treinados para as usar”, aponta a versão online da “Wired”. A jovem holandesa estima que serão necessários dez anos para ultrapassar estes obstáculos e tornar o “Edible Growth” uma realidade.

Chloé Rutzerveld não é a primeira a utilizar a impressão 3D no universo da alimentação. Em 2014, uma empresa espanhola criou a Foodini, que imprime alimentos reduzidos a puré. No entanto, estes precisam de ser cozinhados para serem consumidos. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) está, também, a estudar a possibilidade de enviar impressoras 3D nas suas missões, uma vez que podem constituir uma alternativa aos alimentos processados consumidos no espaço. Susana Soares, uma designer portuguesa a viver em Londres, faz patês de insectos em impressoras 3D e acredita que os insectos são a proteína do futuro.

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