Cavaco Silva em Paris para encontros na OCDE e com Hollande

Visita de dois dias do Presidente inclui reunião com empresários e inauguração de nova delegação da Gulbenkian.

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Cavaco vai doar parte da sua biblioteca Daniel Rocha

A visita de dois dias que Cavaco Silva realiza hoje e amanhã a Paris será uma dupla estreia para o Presidente da República. Pela primeira vez um chefe de Estado português visita oficialmente a sede da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), e é também uma estreia de Cavaco nos encontros com o seu homólogo François Hollande, que chegou ao palácio do Eliseu em 2012.

Estes dois eventos marcarão, respectivamente, o início da visita de hoje de Cavaco, e o final, amanhã à tarde. O objectivo da viagem é o estreitamento de relações entre os dois países, mas na agenda o Presidente da República tem intenções mais ambiciosas do que apenas as diplomáticas, estando marcado um pequeno-almoço com empresas franceses e até um fundo de investimento.

Esta manhã Cavaco Silva encontra-se com o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, em privado, e participa depois num seminário com peritos daquela organização, e numa reunião com os membros do conselho – o órgão de direcção da OCDE. O Presidente e Angel Gurría fazem depois declarações à imprensa e almoçam juntos. Cavaco Silva visita em seguida a representação portuguesa permanente junto da OCDE para um cumprimento rápido aos funcionários nacionais. Fonte da Presidência adiantou que o Presidente se encontrará com ex-ministros que ocupam agora altos cargos na OCDE – Álvaro Santos Pereira, é o actual economista número dois da organização. O dia de hoje termina com um encontro do Presidente com representantes da comunidade portuguesa em França.

As relações económicas dominam a manhã de terça-feira: Cavaco começa com um pequeno-almoço de trabalho com empresários e investidores franceses no luxuoso Hotel George V. Está prevista a presença de pelo menos duas dezenas de altos responsáveis de empresas como o fundo de investimento Ardian (antigo private equity da AXA), a Altice (será o presidente da operadora móvel SFR), Peugeot (o CEO, o português Carlos Tavares), BNP Paribas (que está a estudar a instalação no estrangeiro de um centro de serviços partilhados com mil trabalhadores e Portugal está bem colocado para o ganhar), Altran, Alstom e hotéis Accor. Estarão também representados sectores como a aeronáutica, química, farmacêutica, distribuição de vinhos, seguros.

O Presidente irá promover Portugal como um bom destino para o investimento francês – já há perto de 300 empresas francesas aqui instaladas -, e angariar possíveis interessados. Apesar deste encontro de cariz iminentemente económico, não foi anunciada a presença de qualquer representante do gabinete de Pires de Lima na visita. Além do secretário de Estado das Comunidades e dos deputados eleitos pelo círculo da emigração, viaja com o Presidente o secretário de Estado das Finanças – presença explicada pela visita à OCDE.

Segundo dados do Banco de Portigal, a balança comercial é favorável a Portugal nas relações com França. Entre Janeiro e Novembro de 2014exportámos 7,9 mil milhões de euros em bens e serviços e importámos 4,8 mil milhões. A França ocupa o terceiro lugar nas relações comerciais portuguesas de e com o estrangeiro.

O Presidente inaugura depois a nova sede da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, onde almoça. E ruma em seguida ao palácio do Eliseu, onde se reúne com o socialista François Hollande para discutir a agenda bilateral – e onde não faltará o acordo sobre a energia alcançado na cimeira de Madrid há duas semanas. As declarações dos dois Presidentes à imprensa marcarão o final da visita de Cavaco Silva.

A situação da segurança em França continua na ordem do dia. A visita será feita sob rigorosas medidas de segurança. Ainda na quinta-feira o ministro da Defesa anunciou que se manterão nas ruas das principais cidades cerca de 10 mil polícias. É também num cenário de plena campanha eleitoral que Cavaco visita Paris. Os franceses vão às urnas a 22 e 29 deste mês para as eleições departamentais, e as sondagens têm dado a Frente Nacional (anti-UE e anti-imigração) como possível vencedora da primeira volta, com 31%, pouco à frente da aliança de direita UMP-UDI de Sarkosy (29%) e a alguma distância do PS (21%) de François Hollande – segundo dados da empresa Odoxa. A ordem e os valores são muito próximos dos revelados por outro estudo do jornal Le Figaro.

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