A notícia foi avançada pelo jornal espanhol La Vanguardia, e tem sido retomada nos últimos dias por alguns diários ingleses: uma mulher, Pilar Abel, de 58 anos, afirma ser filha ilegítima do famoso artista catalão Salvador Dalí que morreu em 1989, tendo esta semana interposto uma acção num tribunal de Madrid contra o Estado espanhol, a fundação Dalí e os herdeiros do pintor, requisitando um exame de ADN.

A comprovar-se a paternidade, Pilar seria dada como única filha de Dalí, e poderia ser considerada herdeira de parte da sua fortuna e património. Como titula o jornal inglês The Independent, na sua edição desta sexta-feira, “poderá Salvador Dalí (que morreu em 1989) ser agora pai pela primeira vez?”

Pilar alega que a sua mãe conheceu o pintor em 1955, em Port Lliget, a pequena vila de pescadores onde Dalí viveu, e que tiveram um romance secreto, sendo ela fruto dessa relação. Pilar nasceu em Fevereiro de 1956 e, ao que parece, ao longo dos anos, a mãe falou com frequência do alegado parentesco com várias pessoas que também são citadas no processo.

A tentativa de provar a paternidade começou em 2007, quando entrou em contacto com o biógrafo do artista e responsável pelo seu património, Robert Descharnes. Na ocasião, alegadamente, ter-lhe-á sido fornecida uma amostra do cabelo do artista, para que pudesse ser feito um exame de DNA. Segundo Descharnes, depois dos testes, terá sido comunicado a Pilar que não havia relação entre o seu DNA e o de Dalí.

Pilar desmente esta tese, dizendo que nunca obteve os resultados oficiais do exame, optando por agora recorrer à justiça, no sentido do Institudo de Medecina Legal verificar a situação. Se não existir suficiente material genético para um teste de ADN, não está colocada de parte a hipótese do corpo de Dalí ser exumado.

Entretanto, na imprensa inglesa e espanhola, têm sido publicadas algumas fotos de Pilar ao lado de fotos de Dalí, na tentativa de serem vislumbradas semelhanças fisionómicas.

A relação de Dalí com a sua mulher e musa, Gala (Elena Ivanovna Diakonova), foi quase tão famosa como a sua arte. Viveram juntos 48 anos e nunca tiveram filhos. Casaram-se em 1934 numa cerimónia civil, tendo voltado a fazê-lo numa igreja católica, em 1958, depois de autorização especial do Papa, porque ela já tinha sido casada. Viveram juntos em Port Lliget, mas em 1968 compraram um castelo perto de Pubol. Gala morreu em 1982 e ele em 1989.