Existem portas totalmente seguras?

A informação, tal como a nossa privacidade, vale ouro, mas será que hoje em dia temos privacidade?

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Monik Markus

A internet, e a massificação da sua utilização, veio revolucionar a forma como nos comportamos, como selecionamos e acedemos a conteúdos que queremos consumir. Esta mudança de paradigma fez com que hoje, enquanto consumidores, tenhamos a liberdade de consumir os conteúdos e produtos que queremos, onde e quando queremos. O que me leva por isso a pensar que sou hoje mais livre do que era antes do aparecimento da internet. Mas será que realmente sou?

A forma como nos comportamos hoje é algo totalmente novo, quer do ponto de vista social quer no nosso comportamento face ao consumo, situação a que as empresas e as pessoas ainda se estão a habituar. Esta alteração de comportamento teve um impacto profundo na forma como empresas e pessoas se posicionam e comunicam. Obrigando a que a comunicação seja cada vez mais dirigida e enfocada para se conseguir obter os melhores resultados. Hoje é necessário encontrar formas de obter o máximo de informação sobre os consumidores, para conseguir direcionar a comunicação da forma mais eficiente possível, sob pena de não se conseguirem resultados.

Mas como é que as empresas obtêm essa informação? Ou teríamos de passar a vida a responder a inquéritos e a questionários, para os quais a maioria das pessoas não está disponível, ou então como conseguem as empresas obter essa informação?

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Frederico Fonseca, Consultor de Segurança e Sistemas de Informação. Gosto de tecnologias e velocidade.

A verdade é que hoje a internet e os sistemas de informação deixam o nosso rasto a cada sitio que vemos, visitamos ou sempre que estamos ligados a uma rede. Se pensarmos bem, o telemóvel localiza cada movimento que fazemos, a internet tem dezenas de formas de rastrear sites visitados e analisar comportamentos, os bancos sabem onde e quando gastamos o nosso dinheiro, as portagens registam as nossas passagens. Fica a pergunta: será que realmente temos privacidade? Infelizmente a resposta é não!

Mas também é verdade que, apesar de todos estes dados sobre a nossa privacidade estarem disponíveis, só por si não os torna importantes. Só os dados que apresentem relevância para alguém ou alguma entidade são alvo de pesquisa. A internet é um negócio de muitos biliões, o que só por si torna qualquer estudo ou recolha de dados sobre o comportamento dos seus utilizadores um manancial de informação extremamente valioso. E é por essa mesma razão que, quando visitamos um site que tenha um espaço destinado a anúncios, de repente, como que por magia, aparecem anúncios a produtos que visitámos recentemente. E não, não é coincidência. É mesmo o rasto deixado na internet no nosso passeio pelo mundo virtual.

Contudo, ainda é possível proteger a nossa identidade. Apesar de se assinarem acordos de confidencialidade ou privacidade, quando submetemos acordos on-line, a informação circula a grande velocidade e não é possível ser 100% controlada, sendo o wikileaks a prova disso mesmo. As pessoas têm hoje a sua vida exposta e é importante estarem conscientes disso.

Por vezes é difícil traçar uma linha sobre os limites da nossa privacidade e o acesso ao que é informação de domínio público, especialmente quando estamos perante um conflito de interesses. Afinal temos consciência de que as tecnologias nos expõem, mas aderimos a elas e gostamos de tirar proveito das mais valias que estas nos oferecem no nosso dia-a-dia.

Contudo existem métodos para nos ajudar a proteger a nossa identidade:

- Evitar a aceitação de Cookies, já que estes fazem a validação de quantas vezes regressamos aos sites e recolhem dados sobre históricos de internet.

- Motores de pesquisa; “toolbars” e alguns sites que mantêm registos das pesquisas.

- “Webmasters” ferramentas que aferem o site de onde vimos e que páginas visitamos na visita ao seu website.

- Download de jogos ou outros conteúdos programáticos que sejam instalados nos nossos computadores, como diz o ditado não há almoços à borla, aqui também é caso para dizer que não há jogos à borla e os que o dizem ser, usam como moeda de troca a monitorização e recolha de dados pessoais bem como a promoção de outros produtos para gerar receitas na venda de dados.

- Nunca divulgar dados pessoais ou dados bancários em sites de proveniência desconhecida e que não sejam de comprovada reputação.

- Nunca ter a atualizações de software automática, para evitar que sejam instalados sem consentimento produtos não desejados.

Tudo isto são ferramentas e comportamentos que nos ajudam a manter a nossa privacidade, deixando sempre claro que na era da internet não existe mais privacidade, tal como não existem casas com portas totalmente seguras. O que existe sim, é a possibilidade de estarmos alerta para os perigos da internet e da nossa privacidade. E tal como fechamos a porta de casa quando entramos ou saímos, temos também de procurar minimizar o nosso rasto na rede....porque o “Big Brother” existem mesmo e está à espreita.

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