Região Norte quer valorizar património castrejo

Rede de Castros do Noroeste foi formalizada esta quinta-feira, um ano e meio depois do seu lançamento, com 12 sítios dos mais de dois mil existentes só no Norte de Portugal.

Recriação histórica no Castro de São Lourenço, em Esposende
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Recriação histórica no Castro de São Lourenço, em Esposende Paulo Pimenta
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Onze municípios do Norte do país formalizaram esta quinta-feira com a Direcção Regional de Cultura a institucionalização da Rede de Castros do Noroeste, reactivando um projecto de colaboração pensado desde 2004 e lançado há ano e meio. A partir de agora, a rede tem um regulamento de funcionamento e de adesão de novos membros, e prepara-se para buscar nos fundos europeus capital para investir em acções científicas e de divulgação do património castrejo da região.

Os municípios de Boticas (Castro do Lesenho), Esposende (São Lourenço), Monção (São Caetano), Paços de Ferreira (Sanfins), Penafiel (Monte Mozinho), Póvoa de Varzim (Cividade de Terroso) , Santo Tirso (Castro do Padrão), Trofa (Alvarelhos) e Vila do Conde (Bagunte), e a Sociedade Martins Sarmento, de Guimarães (que gere a citânia de Briteiros) são, com a Direcção Regional de Cultura, que tutela a Citânia de Santa Lúzia, de Viana do Castelo, os fundadores da Rede de Castros do Noroeste. Que apesar do nome, se cinge, para já, ao território português

Desde 2004 que especialistas na área – como o arqueólogo Paulo Costa Pinto, Armando Coelho Ferreira da Silva ou Francisco Sande Lemos – vinham defendendo a necessidade de valorizar, numa rede luso-galaica, o património castrejo, dada a singularidade de, por toda esta região da península existirem mais de sete mil assentamentos humanos proto-históricos conhecidos. Aquando da chegada dos romanos a esta parte da Europa, a paisagem era dominada por estas urbes fortificadas, de planta circular ou rectangular, construídas no cimo dos montes.

A rede agora formalizada apenas inclui parceiros portugueses e deixou de parte, para já, a ideia, apontada há uma década, de candidatar este património à UNESCO. Dadas as disparidades no trabalho de investigação arqueológica, e de criação de condições de divulgação e visitação, os promotores vão concentrar-se em procurar, através do Portugal 2020, fundos para valorizar este património, e alargar o grupo a outros municípios interessados em prosseguir o mesmo caminho. Só mais tarde, admitiu no director da DRCN, se analisará se o trabalho realizado permite ambicionar essa inscrição na lista de património mais famosa do mundo.

Nesta sessão, no Palacete Allen, no Porto, a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, revelou que o município conseguiu na semana passada a posse dos cerca de 18 hectares de terreno onde está implantada a cividade de Bagunte, na freguesia homónima deste concelho, depois de mais de seis décadas de negociações difíceis, com intervenção judicial.

O diferendo vinha impedindo a autarquia de fazer investimentos de fundo - fosse em acessos ou num centro de interpretação condigno – neste castro, um dos oito existentes no território de Vila do Conde, como explicou o arqueólogo Pedro Brochado. Resolvida a questão da propriedade, vai ser possível fazer campanhas de escavações mais alargadas e apresentar candidaturas a fundos comunitários para outros equipamentos e infraestruturas, no âmbito da rede agora constituída.

António Ponte espera que este trabalho em rede permita sinergias e partilha de recursos entre os vários municípios, de modo a aumentar o conhecimento existente sobre este património. Ao mesmo tempo, os promotores esperam que a divulgação conjunta destes espaços possa aumentar o número de visitantes e o impacto na economia local.

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