Lesados do BES “acorrentados” no Novo Banco em Viseu

Manifestantes dizem que não vão desistir. Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial pede audiência à ministra das Finanças.

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Lesados pela compra de papel comercial do GES reclamam o pagamento das suas poupanças Nelson Garrido/Arquivo

Lesados do Banco Espírito Santo estiveram na tarde desta quinta-feira, durante meia hora, deitados e acorrentados na dependência do Banco Novo, em Viseu, para reivindicar a devolução do dinheiro investido em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES). Os manifestantes acabaram por sair do interior da agência pelo próprio pé, depois do apelo à calma e da presença da polícia. Um dos manifestantes sentiu-se mal e teve de ser assistido pelo INEM.

Cerca de 50 pessoas de vários pontos do país juntaram-se em Viseu numa manifestação que começou de manhã com a invasão da agência do Novo Banco. Entre palavras de ordem e assobios, os ânimos exaltaram-se quando alguns dos manifestantes tentaram retirar os funcionários do interior. A confusão instalou-se e do mesmo megafone de onde era exigido o “dinheiro de volta” foi pedida calma.

Os manifestantes, que por momentos chegaram a condicionar o trânsito no centro de Viseu, dirigiram-se entretanto ao Banco de Portugal e entraram também nas instalações das dependências do Millenium BCP e Montepio Geral, antes de regressarem de novo à agência do Novo Banco. Pelo caminho exigiram a demissão de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, por “não saber exercer o seu poder de supervisão”.

"Ladrões, gatunos e caloteiros" foram as palavras mais repetidas pelos lesados que exigem o dinheiro que dizem ser as “poupanças de uma vida”. É esta a história de Carlos Santos, um viseense que contou ter sido lesado em “vários milhares de euros” e que continua sem uma “luz ao fundo do túnel” para um problema que afirmou não ter sido criado por si. “Disseram-me que era seguro investir, aqui está a resposta”, lamentou.

A situação de Carlos Santos junta-se, segundo Alberto Ribeiro, vice-presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial, ao universo de 2500 pessoas que perderam “mais de 550 milhões de euros”.

A Associação pediu já reuniões com carácter urgente à ministra das Finanças, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e ao Banco de Portugal. “Queremos criar uma plataforma de diálogo para arranjar uma solução. Nós todos somos clientes do Novo Banco, mas parece-me que estamos a ter um tratamento abusivo”, sustentou Alberto Ribeiro.

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