Belmiro de Azevedo prepara criação de think tank de educação

Empresário vai permanecer ligado a Conselho Consultivo Global, que será criado, e promete voltar a estudar.

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Belmiro de Azevedo garante que vai voltar a estudar, uma preocupação que o acompanhou ao longo da sua carreira. Nélson Garrido

Belmiro de Azevedo, que no início da semana anunciou a saída de todos os cargos de direcção do grupo Sonae, que passarão a ser ocupados pelo filho, Paulo Azevedo, vai criar, através da sua fundação, um think tank de educação.

A revelação foi feita pelo empresário durante uma cerimónia realizada nesta quarta-feira, na Maia, onde assinalou os 50 anos e dois meses de ligação à Sonae.

O criador de um dos maiores grupos empresariais nacionais promete dedicar, a partir de agora, “parte substancial” do seu tempo a esse think tank de educação, mas sempre disponível para continuar a dar o seu “contributo de forma construtiva e empenhada e a ajudar aqueles a quem cabe agora a tarefa de levar o barco a bom porto”, refere o discurso que proferiu na cerimónia, a que o PÚBLICO teve acesso.

Uma outra parte do tempo será dedicada “a zelar” pelos valores da Sonae, “enquanto accionista e no âmbito do Global Advisory Board [uma espécie de Conselho Consultivo global], que a Sonae está a equacionar criar e que deverá apoiar as principais estratégias do grupo em busca de novos negócios, com particular ênfase em outras geografias”.

Mas há outros projectos na agenda: "Continuar a dedicar-se ao sector primário,  e numa época em que a ciência avança à velocidade da luz (…) voltar a estudar, como no início”.

“Será para mim um verdadeiro restart em termos de competências e conhecimento, garantindo a nossa aposta long-living”, declarou o empresário, de 77 anos, na cerimónia privada desta quarta-feira, que contou com mais de 300 convidados.

Belmiro de Azevedo fez um breve resumo da sua actividade empresarial nos últimos 50 anos na Sonae, iniciada a 2 de Janeiro de 1965, um dia que diz não esquecer. Lembrou que a sua primeira tarefa na empresa consistiu “em destruir para voltar a construir”.

Recordou o investimento que fez na sua formação, com a ida para Harvard, em 1973, explicada a Pinto de Magalhães – a única referência ao banqueiro que foi fundador da Sociedade nacional de estratificados (SONAE) –, pela necessidade de a empresa ter "uma gestão completamente profissional".

Destacou o lançamento do Continente na história do grupo e confessou que, ao longo dos últimos anos, aprendeu “a tomar decisões rapidamente e com informação limitada, muitas vezes baseado mais no instinto do que na razão”.

“Não teve sempre razão, como demostra a história recente da Sonae Indústria, por exemplo, mas o saldo é claramente positivo”, afirmou.

Ainda em registo de balanço do que correu menos bem, o empresário destacou alguns “insucessos”, com os quais aprendeu: “A distribuição no Brasil, o processo Portucel, a OPA sobre a PT, são apenas alguns exemplos que deixaram cicatrizes, mas que nos ensinaram qualquer coisa e que, por isso, ainda assim, valeram apena – reforçaram a nossa vontade de não voltarmos a perder”.

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