Pharrell e Robin Thicke condenados a pagar milhões

Um tribunal de Los Angeles deu razão à família do cantor de Marvin Gaye, considerando que Pharrell e Thicke terão plagiado o êxito Blurred lines.

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Uma montagem de fotos de Robin Thicke, Marvin Gaye e Pharrell Williams
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A filha de Marvin Gaye, Nona, à porta do tribunal: “Agora sinto-me livre”
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Nona Gaye
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Robin Thicke à porta do tribunal
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Pharrell Williams durante o julgamento
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Pharrell, Thicke e o rapper T.I.
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Pharrell e Thicke argumentaram que qualquer pessoa pode recriar sobre Got to give it up AFP

O cantor e produtor americano Pharrell Williams e o cantor Robin Thicke foram condenados, nesta terça-feira, por um tribunal de Los Angeles, a pagar 7,4 milhões de dólares (cerca de sete milhões de euros) aos herdeiros do já falecido cantor Marvin Gaye, devido a um diferendo de direitos autorais.

Em causa estava um dos êxitos de 1977 de Marvin Gaye – a canção Got to give it up – e o maior sucesso de vendas de 2013 nos Estados Unidos, a canção Blurred lines, de Pharrell e Robin Thicke, com os filhos herdeiros da lenda da música soul dos anos 1960 e 1970 a acusarem Pharrell e Thicke de plágio da canção do pai.

Segundo a agência AFP, depois de semanas de julgamento e dois dias de deliberação, um júri de oito pessoas concluiu que existiu infracção, considerando que foram copiadas partes da canção de Gaye. Os advogados de Pharrell e Thicke argumentaram que qualquer pessoa pode recriar sobre Got to give it up, a partir do momento em que não copie as notas e melodias da canção, acrescentando que a decisão do tribunal pode agora inibir os músicos que tentam recriar sons de uma determinada era ou de um artista em particular. Na sua visão, o que existe apenas é uma evocação do espírito da música dos anos 1970, o que não constitui uma ilegalidade.

Por sua vez, o representante legal da família Gaye afirmou que Pharrell e Thicke criaram intencionalmente uma canção de impacto planetário, elaborando uma versão modernizada de Got to give it up. “Agora sinto-me livre”, disse Nona Gaye, filha de Marvin Gaye, depois de ter sido conhecido o veredicto. “Livre da teia de Pharrell Williams e de Robin Thicke, daquilo que eles tentaram fazer e das mentiras que foram ditas”, acrescentou.

Durante as audições, Pharrell, autor de inúmeros êxitos ao longo dos últimos anos (em nome próprio, como a canção Happy do ano passado, ou para incontáveis outros cantores, num total de mais de cem milhões de discos vendidos e prémios amealhados), afirmou categoricamente não ter cometido qualquer plágio, relatando ter composto Blurred lines sozinho, no espaço de apenas uma hora.

No tribunal disse-se grande admirador de Marvin Gaye, relatando que, na altura, estava a trabalhar simultaneamente com três cantores. Para além de Thicke, estava a compor para o rapper Earl Sweatshirt e para a cantora Miley Cyrus. Em tribunal explicou que essas duas canções, sim, haviam constituído uma influência, nomeadamente o envolvimento rítmico rápido da primeira e o ambiente country da segunda.

Um terceiro participante vocal na canção, o rapper T.I., não foi condenado. A família Gaye reclamava cerca de 16,5 milhões de dólares, a soma gerada por Blurred lines depois da sua edição. Robin Thicke e Pharrell Williams ganharam cerca de cinco milhões de dólares, cada um, graças a essa canção, da qual foram vendidas 6,5 milhões de cópias só nos Estados Unidos, acabando por ser nesse país a música mais vendida de 2013 .

Os representantes da família de Gaye já afirmaram que, agora, planeiam que a canção seja retirada do mercado. Marvin Gaye morreu em 1984, aos 45 anos, vítima de um disparo do pai, sendo autor de alguns dos álbuns e canções (de What’s going on a Sexual healing) mais icónicas da história da música popular, em particular da soul.

Numa declaração conjunta, Pharrell, Thicke e o rapper T.I. afirmam que a decisão do tribunal de Los Angeles "cria um precedente terrível para que a música e a criatividade possam evoluir", ficando no ar a muito provável hipótese de virem a recorrer da decisão. Já depois de conhecida a decisão do tribunal, alguns especialistas na matéria têm-se manifestado contra a deliberação, pelo que é provável que esteja apenas terminada uma fase de uma longa batalha legal.

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