Vereador considera "fisicamente impossível" centro de congressos no Rosa Mota

No caderno de encargos diz-se que a reabilitação deve transformar o Rosa Mota num “equipamento cultural polivalente, que incluirá obrigatoriamente um centro de congressos de grande dimensão”.

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A Câmara do Porto não quer construções novas junto ao Pavilhão Rosa Mota Paulo Ricca/Arquivo

O vereador do PSD na Câmara do Porto Ricardo Almeida afirmou nesta segunda-feira ser “fisicamente impossível” dotar o Pavilhão Rosa Mota de um centro de congressos para seis mil pessoas, pelo que “nunca há de ser um equipamento condigno”.

“O Pavilhão Rosa Mota tem capacidade para 4200 pessoas. Para se evoluir para uma coisa grande, tem de se fazer [alguma construção] fora do edifício. Acho estranho construir um centro de congressos dentro de um pavilhão. Nunca há de ser um centro de congressos condigno”, avisou o vereador, em declarações à Lusa, adiantando que pretende questionar a Câmara do Porto sobre o assunto na reunião pública de terça-feira.

“Para seis mil pessoas, lá dentro [de um centro de congressos no interior do pavilhão] é impossível”, acrescentou Ricardo Almeida, recordando as declarações do presidente da autarquia, Rui Moreira, que disse esperar que o novo centro de congressos no Rosa Mota possa acolher aquela lotação.

“Já há estudos sobre isso e é por esse motivo que o anterior projecto [encomendado pelo anterior executivo liderado pelo social-democrata Rui Rio e da autoria do arquitecto do projecto original do pavilhão] previa a construção no exterior do Rosa Mota”, observou.

O vereador pretende ainda saber se a Câmara autoriza construções fora do imóvel “no caso de haver algum operador que queira ali instalar um centro de congressos.

No manifesto eleitoral, o actual presidente da autarquia, Rui Moreira indicava as seis mil pessoas como a capacidade de “um centro de congressos policêntrico, capaz de albergar grandes congressos e eventos internacionais”.

No caderno de encargos do procedimento, a que a Lusa teve acesso, não é referida a capacidade que deverá ter o centro de congressos a apresentar pelos concorrentes até 24 de Maio, explicando-se apenas que a reabilitação deve transformar o Rosa Mota num “equipamento cultural polivalente, que incluirá obrigatoriamente um centro de congressos de grande dimensão”.

Numa mensagem publicada na plataforma electrónica de compras públicas, a que a Lusa teve acesso a 03 de Março, uma empresa interessada na concessão sustentou que a reformulação feita ao caderno de encargos transforma o Rosa Mota num “mini Meo Arena” e deixa dúvidas sobre a instalação de um centro congressos.

No documento, a empresa considera que, ao limitar a construção do centro de congressos “ao interior da cúpula do Pavilhão”, a decisão da Porto Lazer deixa o equipamento portuense como um “mini Meo Arena”, numa referência ao Meo Arena, de Lisboa (ex-Pavilhão Atlântico).

As considerações baseiam-se na diferença de 42.200 metros quadrados entre os dois espaços e servem para justificar as dúvidas sobre da possibilidade de instalar no Rosa Mota “um centro de congressos para seis mil pessoas”, conforme “anunciado pelo presidente da Câmara”, já que o Pavilhão tem “4.800 metros quadrados” e isso corresponderia a “0,8 metros quadrados por pessoa”.

O caderno de encargos do concurso foi alterado numa deliberação da Porto Lazer de 27 de Fevereiro, para desfazer as dúvidas sobre uma redacção que o júri considerou “equívoca”, e esclarecer não estar em causa a construção de qualquer edifício nos jardins do Palácio de Cristal para transformar o Rosa Mota num centro de congressos.

Na decisão, que prorrogou o prazo de apresentação de propostas do concurso lançado a 03 de Dezembro por cerca de três meses, até 24 de Maio, a Porto Lazer nota que o esboço do arquitecto Carlos Loureiro servirá apenas “para consulta”.

José Carlos Loureiro, autor do projecto original do Pavilhão Rosa Mota, em 1952, previa para a renovação do espaço apresentada pelo executivo de Rui Rio em 2009, a construção de um edifício para um centro de congressos nos jardins do Palácio.

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