Azul

A Primavera está a três semanas mas não acaba o inferno de quem vê as praias cagadas por poluidores oportunistas.

O céu tem estado. O mar está cada vez mais. Até o céu de noite, de tão aceso por todas as estrelas, com a lua cada vez maior e mais amarela, também tem sido. Azul. Azúis. Graças ao sol que, sem nunca se ter ido embora, conseguiu dar a impressão de ter voltado não só depois de longa ausência como para sempre.

Mas as praias estão cheias de fezes caninas deixadas pelos cagalhões dos donos e das cagalhonas das donas.

A pestilência destas merdas é o que ameaça e anula os azúis destes últimos dias do Inverno. Os donos de cães não gastam dinheiro com essas merdas. Levam-nos à praia. Aí cagam à vontade e as marés garantem que uma boa parte dos seres humanos será contaminada.

A Primavera está a três semanas mas não acaba o inferno de quem vê as praias cagadas por poluidores oportunistas que não querem saber dos seres humanos, adultos e crianças que envenenam.

O azul do céu - e as temperaturas adultas acima dos 21 graus - mostram-nos que o Inverno, que é um monstro temporário por ser tão mau, acabou.

Continuo a ter frio à noite. Mas é um frio que, há pouco tempo, já tive durante o dia. Só este facto ridiculariza salvificamente os frios e os medos que temos tido.

O azul é a cor e o calor destes últimos dias que temos passado. E, mesmo assim, os dias mais azúis - que são muito poucos e fazem raivas que duram o ano inteiro - estão aqui. Cheios de merda de cães. Que os donos humanos obrigam, preguiçosamente, a cagar. Cá em baixo, a céu aberto. Lá em cima, azul.

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