Técnicos acusam presidente do INEM de desviar ambulância por causa da sua mulher
INEM garante que presidente não teve intervenção neste transporte.
Uma ambulância que transportava uma doente considerada “prioritária” terá sido desviada da sua rota inicial para que a mulher do presidente do instituto – que é enfermeira e colaboradora do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) – pudesse entrar a horas no Hospital de Gaia, onde trabalha, adiantaram terça-feira os responsáveis da Comissão de Trabalhadores do Instituto e do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência, Rui Gonçalves e Ricardo Rocha.
Na segunda-feira, por volta das 13 horas, segundo contam, houve uma substituição da tripulação da Viatura de Emergência Médica e Reanimação (VMER) que acompanhava uma ambulância com uma doente referenciada para o Hospital de Santo António (Porto), mesmo a meio do transporte.
Segundo o responsável do sindicato, a enfermeira que conduzia a VMER (mulher do presidente) teve que sair para poder entrar ao serviço no bloco operatório do Hospital de Gaia, onde trabalha. A troca de tripulação terá sido efectuada com a doente na ambulância, na rotunda de Vila de Este (perto do Hospital de Gaia). E terá sido o presidente do INEM a levar a equipa que substitui a da mulher à rotunda de Vila de Este, segundo afirma Ricardo Rocha. “Os nossos colegas ficaram estupefactos quando o viram”, diz. “Temos regras que proíbem que estas substituições [de tripulações] sejam feitas a meio de um serviço”, frisa Rui Gonçalves, que disse que ia pedir um esclarecimento ao instituto.
A versão do INEM é diferente. Em resposta escrita, o gabinete de imprensa do instituto confirmou ao PÚBLICO que recebeu um pedido de socorro às 13h10m para a freguesia de Paramos, em Espinho, para uma vítima do sexo feminino que apresentava dor torácica, e que foi por isso accionada uma VMER e uma ambulância. “Às 13h44, com a vítima já avaliada e estabilizada, as equipas realizaram a passagem de dados ao CODU, informando que se tratava de uma doente hemodinamicamente estável que solicitou que o transporte fosse realizado para o Hospital de Santo António, onde era seguida na Unidade de Cardiologia”, acrescenta.
Garante ainda que o presidente do INEM “em momento algum telefonou ao meio de emergência nem teve qualquer intervenção neste transporte”, nem na “rendição da equipa”, até porque “não é decisão do INEM a gestão das equipas de médicos e enfermeiros que tripulam as VMER e que pertencem aos hospitais onde o meio se encontra sediado”. Por se tratar de uma “decisão da equipa médica da VMER de Gaia”, aconselha que seja contactado o Centro Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho, entidade responsável pela gestão destas equipas e lamenta “a atitude por detrás desta denúncia, que representa somente uma tentativa de criação de intoxicação mediática e social”.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar o Centro Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho através da seu gabinete de assessoria de imprensa. com Pedro Sales Dias