Administrador da Porto Lazer com a tutela da área financeira demite-se

Hugo Neto deixa o cargo por considerar que deixou de ter a confiança de Rui Moreira, presidente da empresa municipal.

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Rui Moreira diz que vai apresentar provas que justificam as críticas que fez ao Governo na moção votada na câmara. Fernando Veludo/NFActos/Arquivo

A demissão já foi apresentada, mas Rui Moreira pediu ao administrador que se mantenha em funções até ao dia 21 de Março, porque para essa data está marcada a inauguração da praça artística que vai ser instalada junto à Estação de S. Bento, no espaço ocupado actualmente pelo parque de estacionamento. A iniciativa inscreve-se no âmbito do Projecto Locomotiva que resulta de uma parceria entre a Câmara do Porto, através da Porto Lazer e a Refer e que visa a revitalização de toda a zona envolvente da estação.

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A demissão já foi apresentada, mas Rui Moreira pediu ao administrador que se mantenha em funções até ao dia 21 de Março, porque para essa data está marcada a inauguração da praça artística que vai ser instalada junto à Estação de S. Bento, no espaço ocupado actualmente pelo parque de estacionamento. A iniciativa inscreve-se no âmbito do Projecto Locomotiva que resulta de uma parceria entre a Câmara do Porto, através da Porto Lazer e a Refer e que visa a revitalização de toda a zona envolvente da estação.

Nuno Lemos, um dos três assessores do actual Conselho de Administração, é apontado para suceder ao administrador demissionário, que ingressou na empresa em Junho de 2011, quando o ex-vereador de Rui Rio Vladimiro Felizes ficou com a tutela da Porto Lazer.

Ao que o PÚBLICO apurou, Hugo Neto abandona a administração daquela empresa municipal porque deixou de contar com a confiança política do presidente. De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, o ainda administrador terá dado conta a Rui Moreira do seu desconforto em relação a alguns procedimentos de gestão praticados na empresa e com os quais não concordava. Segundo as mesmas fontes, Hugo Neto terá abordado várias vezes Rui Moreira, mas o autarca independente não terá valorizado as suas preocupações.

Percebendo que o presidente, que é quem toma as decisões estratégicas, não estaria disponível para fazer rupturas, o administrador comunica então a sua demissão, porque entende que o seu desempenho na empresa corria riscos sem o apoio do autarca. Tanto mais que o outro administrador executivo, responsável pela gestão do parque desportivo na empresa, Luís Alves, conta com o apoio indefectível do vereador socialista de quem, de resto, foi director de campanha quando em 2013 Manuel Pizarro disputou a presidência da Câmara do Porto com Rui Moreira.

Contactado pelo PÚBLICO, Hugo Neto confirma que pediu a demissão, mas recusa falar das razões que o levaram a desistir de um projecto, que “alterou completamente a oferta cultural da cidade”. A única coisa que aceita dizer é que os seus objectivos na Porto Lazer estão cumpridos. “Contribuí para o crescimento e sustentabilidade da empresa e para a afirmação da cidade. Sobre quaisquer outras questões devem ser solicitadas ao presidente da empresa”, declarou o administrador.

Depois da querela com o vereador do CDS-PP, Manuel Sampaio Pimentel, a quem Rui Moreira ameaçou retirar os pelouros (uma decisão em relação à qual acabou por recuar) no Verão de 2014, a demissão do administrador da Porto Lazer é o segundo incidente com que o presidente da Câmara do Porto se depara em menos de um ano e meio de mandato.

Nas hostes sociais-democratas há um capital de descontentamento em relação à liderança de Rui Moreira, que é acusado de “deixar” a governação da Câmara do Porto entregue ao PS. Um dirigente do PSD garantia ontem que “Manuel Pizarro já impôs a sua agenda política nas empresas municipais, desde a Águas do Porto à Porto Lazer e Domus Social”. A mesma fonte adiantou que a situação “é muito preocupante” na empresa de habitação “onde há uma clara influência do PS”.

A Câmara do Porto não quis fazer nenhum comentário sobre o caso.