Linklater admite sequela para Boyhood

O realizador deu a entender que uma continuação não teria de manter a estrutura do filme sobre a infância de um rapaz americano ou replicar o processo e a duração da rodagem.

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Linklater com Ellar Coltrane nos últimos Óscares AFP

Richard Linklater estará interessado em revisitar as personagens de Boyhood na universidade. A notícia do Guardian sobre a sequela ao filme que para muitos foi o injustamente ignorado nos Óscares tem por base uma entrevista dada ao jornalista Jeff Goldsmith, anfitrião do podcast The Q&A with Jeff Goldsmith.

Nela, Linklater assume que os 12 anos de rodagem de Boyhood tinham sido pensados como uma experiência única, mas que quanto mais pensa numa possibilidade de continuação, mais ideias o inundam.

“Este filme teve os seus primeiros espectadores exactamente há um ano e nos primeiros seis meses a minha a minha resposta a isso [possibilidade de sequela] era: ‘Nem pensar'." Sentia que não havia nada a acrescentar aos 12 anos da vida das personagens.

"Mas não sei se foi uma combinação de ter sentido que as coisas tinham acabado ou de me fazerem vezes sem conta a mesma pergunta... comecei a pensar, quando acordava de manhã: 'Os 20 primeiros anos da nossa existência são bastante formativos. É aí que começamos a tornar-nos naquilo que vamos ser. Uma coisa é crescer e ir para o liceu, outra coisa é... Sim, admito que a minha cabeça começou a caminhar nessa direcção [de uma sequela]" - foi exactamente assim, conta, que aconteceram com Antes do Anoitecer (2004) e Antes da Meia-Noite (2013), as sequelas de Antes do Amanhecer (1995).

Deu a entender, de qualquer forma, que uma continuação não teria forçosamente de manter a estrutura de Boyhood ou replicar o processo e a duração da rodagem

“A rodagem em 12 anos deve-se à escola”, explicou. “Não teriam de ser [numa hipotética sequela] 12 anos.… Quer dizer, quem sabe. O que aconteceu com a trilogia foi que demorei cinco anos até perceber que Jesse [Ethan Hawke] e Celine [Julie Delpy] ainda estavam vivos e tinham coisas a dizer.” Assume que, tal como lhe aconteceu antes de Boyhood, quando começou a ser inundado pelas suas memórias, também agora o período em que tinha 20 anos começa a visitá-lo, coisas ao acaso que parecem insignificantes quando escritas mas que sente como importantes.

“Adoraria continuar a trabalhar com estes actores [Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke] , penso que todos nós adoraríamos", assumiu. "Mas essa não pode ser a razão principal para se fazer um filme. É preciso haver coisas para dizer. Não se pode fazê-lo só porque queremos trabalhar com os amigos, é preciso termos alguma coisa dentro de nós que queremos partilhar sobre esses anos. Pode acontecer, não sei."

Boyhood concorreu aos Óscares deste ano com seis nomeações, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador, e apenas conseguiu o prémio para Patricia Arquette, actriz secundária.

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