Pau de "selfie", o melhor amigo do homem?

Em Portugal o fenómeno pau de "selfie" representa apenas uma leve perturbação em spots turísticos, mas promete expandir-se. Noutros locais, o seu uso é banal

Foto
Mohamed Azakir/Reuters

Não é a primeira vez que a indústria e a tecnologia de ponta unem esforços ao serviço da selfie. A primeira resposta ao anseio do consumidor foi a criação das câmaras frontais de telemóvel. Assim se colocou um fim ao flagelo do sorriso de espinafre, da barbela indiscreta, do olhar desmaiado e da cara do amigo metade fora de quadro. No entanto, a presença do braço do fotógrafo no enquadramento – que se transformou num incómodo cliché – e a incapacidade de incluir na totalidade o monumento que comprova a presença o local de férias anunciado continuaram a ser uma pedra no sapato. Surgiu então nova solução ao serviço do auto-retrato panorâmico: o pau de selfie. Este apresenta-se como uma extensão do braço humano e consiste num monopé com um botão disparador numa das pontas e um suporte para smartphone (ou outro tipo de câmara) no extremo oposto.

 

O “selfie stick” traduz-se numa optimização da selfie, uma vez que torna possível fotografar um grupo maior de amigos evitando o pouco higiénico contacto entre cabeças, permite controlar o enquadramento de forma a mostrar mais do espaço envolvente (essencial quando se visita as cataratas do Niágara ou se está junto a um incêndio ou acidente de viação) e evitar pedir a terceiros que primam o botão – impedindo situações indesejadas como ficar sem o telefone/câmara por fuga do fotógrafo ou, pior, figurar de olhos fechados ou em ângulo desfavorável. Segundo a selfiestickportugal.com, o “pau de selfie” é também uma eficaz arma de auto-defesa – o “dois-em-um” perfeito para o português em crise que evita, assim, comprar a costumeira arma branca.

 

Em Portugal o fenómeno representa apenas uma leve perturbação em spots turísticos, mas promete expandir-se. Noutros locais, o seu uso é banal. Em Amesterdão, por exemplo, hordas de turistas chocalham as suas selfie sticks junto ao monumento I Amsterdam, arreganhando sorrisos amarelos e exibindo dedos em V enquanto fazem "check-in" no local, via Facebook. O mesmo se repete noutras capitais mundiais.

O surgimento da "selfie" e do "selfie stick" levantam questões sobre o comportamento humano na era digital. O desenvolvimento da tecnologia relacionada com a "selfie" surge numa altura em que a partilha imediata de fotografias é possível através da Internet, numa altura em que um indivíduo tem a possibilidade de cultivar e controlar a sua imagem pública através de um perfil nas redes sociais.

A "selfie" permite-lhe espelhar a imagem que mais se aproxima da sua ideia de perfeição aplicada a si próprio. Poderemos considerar a "selfie" um símbolo da obsessão do indivíduo pela sua imagem pública?

Sugerir correcção
Comentar