Testemunha viu Manuel "Palito" disputar a arma com a filha

Agricultor responde pela morte da ex-sogra e da tia da ex-mulher, bem como por ter alvejado a filha e a sua antiga mulher.

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PÚBLICO/ Arquivo

Uma testemunha disse esta segunda-feira, em tribunal, ter visto o presumível homicida de S. João da Pesqueira, Manuel Baltazar, e a filha, Sónia Baltazar, a disputarem a arma com que supostamente esta foi atingida, em Abril de 2014.

Segundo a acusação, Manuel Baltazar, de 61 anos, disparou uma caçadeira contra a filha e a ex-mulher (Sónia Baltazar e Maria Angelina Félix, que ficaram feridas) e duas familiares desta (a tia e a mãe, Elisa Barros e Maria Lina Silva, que morreram), em Valongo dos Azeites.

Na manhã desta segunda-feira, foi ouvido no Tribunal de Viseu Diogo Helena, que no dia 17 de Abril de 2014 andava a trabalhar numa obra perto do local dos crimes, uma casa com um forno onde as quatro mulheres estavam a fazer bolos para a Páscoa.

Diogo Helena disse ter visto Manuel Baltazar passar de carro cerca das 16h e, "um, dois minutos" depois, ouvido "um barulho", logo seguido de outro, que pareceram disparos.

Contou que foi com mais dois trabalhadores que andavam na obra ver o que se passava, tendo deparado com Manuel Baltazar a segurar a arma e a filha agarrada ao cano. Esta estava a ser arrastada pelo pai, já fora do portão da casa, e tentava sempre manter o cano virado para o chão.

"A boca do cano andou sempre da cintura para baixo", afirmou. A testemunha, que estaria a cerca de dez metros de distância, disse também ter visto Maria Lina "com um pau, talvez uma bengala", a tentar acertar em Manuel Baltazar.

Tendo-se apercebido de que a arma estava a escorregar das mãos de Sónia e a ficar cada vez mais na pose de Manuel Baltazar e que este "estava de cabeça perdida", os três homens fugiram com medo, admitiu.

A testemunha contou ter ouvido um terceiro tiro ainda antes de terem entrado na garagem onde se resguardaram e o que pareceu um quarto, quando já estavam a fechar o portão, sendo que, relativamente a este, ele e os colegas têm dúvidas.

Os três homens ligarem depois para a GNR a alertar para a situação e mantiveram-se escondidos durante cerca de 15/20 minutos, só tendo regressado ao local dos crimes quando já se encontrava lá a GNR, acrescentou.

Desde a primeira sessão que o advogado de Manuel Baltazar, Manuel Rodrigues, tentar provar que o tiro que atingiu Sónia Baltazar foi acidental e que houve três disparos e não quatro.

"A investigação tem muitas lacunas", reiterou aos jornalistas durante o intervalo para almoço.

Durante a manhã, foi ainda ouvido o viúvo de Elisa Barros, António Barros, que estava a lavar o carro "num anexo a cerca de 30/40 metros" e disse ter ouvido quatro disparos.

Quando se deslocou para o local do forno, viu Manuel Baltazar "a fugir com muita velocidade" de carro, tendo depois encontrado as quatro mulheres, acrescentou.

Segundo António Barros, a sua esposa "andava sempre a proteger a sobrinha" de Manuel Baltazar, o que considera ter motivado o ódio deste.

Durante a tarde desta segunda-feira, devem ser ouvidas testemunhas de acusação. Além dos quatro crimes de homicídio qualificado (dois dos quais na forma tentada), o arguido está acusado de um crime de detenção de arma proibida e outro de violação de proibições ou interdições.

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