Rodoviária do Tejo investiu meio milhão no terminal rodoviário das Caldas

Da autoria do arquitecto Camilo Korrodi e construída em 1949, foi considerada a melhor estação rodoviária da Península Ibérica.

Foi nesta segunda-feira inaugurada a “nova” estação rodoviária das Caldas da Rainha, que sofreu obras de ampliação no valor de meio milhão de euros. O edifício, que data de 1949, foi projectado pelo arquitecto Camilo Korrodi e mantém as suas características, mas o espaço das antigas oficinas foi transformado num amplo terminal com mais sete linhas para autocarros e espaço de estacionamento.

Na inauguração, tanto o administrador da Rodoviária do Tejo, Martinho Costa, como o presidente do município, Tinta Ferreira, mostraram uma perfeita sintonia ao enfatizar a importância da estação de autocarros se manter em pleno centro da cidade.

“Ao contrário do que acontece em grande parte das autarquias portuguesas, nas Caldas considera-se que um terminal no centro é uma mais valia para a cidade”, disse Martinho Costa.

“Durante muito anos pensou-se que estes espaços deveriam estar longe do centro das cidades, mas verificou-se que, nas que fizeram essa aposta, houve uma maior desertificação”, disse, por sua vez, Tinta Ferreira, acrescentando que foi uma feliz coincidência este investimento num momento em que decorrem nas Caldas da Rainha um conjunto de obras de regeneração urbana.

Na área de influência da Rodoviária do Tejo (que opera nos distritos de Lisboa, Santarém e Leiria), as cidades de Peniche, Torres Vedras, Almeirim e Rio Maior construíram terminais rodoviários fora do centro. Martinho Costa diz que foi mau para a operação, porque perdem passageiros devido à necessidade destes em fazer transbordo para um autocarro urbano ou para um táxi. Por outro lado, o comércio local dessas localidades também se ressentiu da perda da estação central.

Paulo Agostinho, presidente da associação comercial das Caldas da Rainha e Óbidos, expressou, por isso, o seu reconhecimento ao administrador da Rodoviária do Tejo por ali ter mantido a estação dado o enorme impacto que esta tem no comércio local.

As obras agora concluídas duraram um ano. Martinho Costa diz que o financiamento foi integralmente assegurado por capitais próprios, apesar do contexto de recessão que levou a Rodoviária do Tejo a perder 10 a 15% dos seus passageiros nos últimos três anos.

O resultado final da obra prima pela funcionalidade, mas a empresa quis dar-lhe um toque local e forrou parte do terminal com azulejos da Fábrica Bordallo Pinheiro, faltando ainda acrescentar um painel de cerâmica também bordaliana.

Este complexo rodoviário data de 1949 e foi construída pela então firma Capristanos quando esta mudou a sede do Bombarral para as Caldas da Rainha. À época era a melhor estação de autocarros da Península Ibérica e uma das mais bonitas da Europa. Inclusive, inaugurava o conceito de centro comercial porque dispunha de restaurante, café, barbearia, tabacaria e vitrines bem iluminadas que serviam de montra para os produtos das principais lojas caldenses.

O sistema sonoro, além de avisar a chegada e partida dos autocarros, fornecia também música ambiente, assegurada por uma funcionária que punha os discos num gira-discos. Mais do que uma garagem para autocarros, o edifício transformou-se na altura num ponto de encontro da gente de bem da cidade, o seu café tinha orquestra aos domingos e, mais tarde, era ali que se ia ver televisão.

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