Pediu um vestido à la Niemeyer?

Fotogaleria
Vestido em chiffon cinza translúcido sobre um suporte de cartão K-Line envolvido por espuma isolante. Um dos modelos Mob.pop apresentados no Lisboa Design Show cortesia liliana pires
Fotogaleria
Croquis de Liliana Pires:a inspiração na Catedral de Brasília de Osacr Niemeyer cortesia liliana pires
Fotogaleria
Canco em cartão cortesia liliana pires
Fotogaleria
Vestido em tecido maleável cinza metálico com aplicações de cartão. A inspiração está no edifício Vodaone (arquietctos Barbosa & Guimarães) cortesia liliana pires
Fotogaleria
Mesa de chá em cartão prensado e polipropileno alveolar cortesia liliana pires
Fotogaleria
Croquis de Liliana Pires cortesia liliana pires
Fotogaleria
Com inspiração no arquitecto catalão Gaudí, surgiu um banco em cartão prensado com tampo em azulejo cortesia liliana pires
Fotogaleria
Bocados de azulejo 15x15 forram um vestido cortesia liliana pires
Fotogaleria
Croquis de Liliana Pires cortesia liliana pires
Fotogaleria
Chapéu de abas largasem cortiça: uma inspiração no Orgânico cortesia liliana pires
Fotogaleria
Croquis de Liliana Pires inspirado no revestimento circular de interiores cortesia liliana pires
Fotogaleria
Vestido em cortiça cortesia liliana pires
Fotogaleria
Textura e Cidades: das geometrias, estruturas e cores urbanas para o design de mobiliário e vestuário cortesia liliana pires
Fotogaleria
Conjunto de T-Shirt e calção levaram a cidade ao Lisboa Design Show cortesia liliana pires
Fotogaleria
A arquitecta tem 31 anos e defende os “r” na abordagem que faz à disciplina — “reciclar, reabilitar, reutilizar” cortesia liliana pires

Nos 24 mil metros quadrados da antiga fábrica de lençóis Asa, em Guimarães, reabilitada a tempo de albergar alguns núcleos expositivos da Capital da Cultura 2012, há 80 que serão o cartão de visita de Liliana Pires a partir de Março.

O conceito Re.Made by You que serve este espaço multiusos encaixa no percurso de uma arquitecta que defende os “r” na abordagem que faz à disciplina — “reciclar, reabilitar, reutilizar”. Por enquanto, é “um estaleiro, com painéis de madeira e cabos de aço de outras obras emaranhados pelo chão”, confirma Liliana Pires, que vai dividir esta loja/atelier com Genisa Duarte, amiga e também arquitecta. A ideia é montar ali, e desenvolver, a “versão comercial” do projecto Mob.pop, que Liliana Pires levou ao Lisboa Design Show, em Outubro passado.

O projecto, sobretudo conceptual, parte de cinco linhas de inspiração para chegar a peças de mobiliário e de moda. A Catedral de Brasília, de Oscar Niemeyer, deu origem a um vestido em chiffon cinza translúcido sobre um suporte de cartão K-Line envolvido por espuma isolante para fazer lembrar o betão da obra; da imagética do arquitecto catalão Gaudí chegou-se a um banco em cartão prensado com tampo revestido de bocados de azulejo e a um vestido sobre tecido azul-forte, pontilhado com as mesmas cerâmicas de 15x15cm; a geometria do edifício Vodafone, no Porto (arquitectos Barbosa & Guimarães), deu lugar a uma mesa de chá em cartão prensado e polipropileno alveolar e a um vestido em tecido maleável cinza metálico com aplicações de cartão; o cenário urbano portuense aparece num conjunto masculino de T-shirt e calção; e com o conceito “orgânico” fez um vestido e um chapéu de abas largas em cortiça.

Antes de chegar a este cruzamento criativo entre arquitectura e design, Liliana fez projectos para hospitais e centros de saúde, reabilitou habitações unifamiliares na Baixa do Porto, concorreu a concursos públicos, bateu à porta de ateliers, completou uma pós-graduação em Geografia, Cidade e Arquitectura, projectou unidades hoteleiras e cumpriu um complemento de mestrado sobre o artista japonês Tadashi Kawamata (conhecido por intervencionar o tecido urbano com estruturas frágeis, na sua maioria em materiais reciclados). Diz-se “um polvo” e que é “quase possível passar a vida em estágio profissional”, o que soa mais como lamento mas não destoa do percurso habitual para um jovem arquitecto, neste caso com 31 anos e “apanhado” pela “crise de construção” após 2008.

Para combater este espírito, a arquitecta não concebe pensar no exercício da profissão sem uma atitude de responsabilidade social: “A necessidade leva-me ao trabalho comercial; a paixão, ao social.” Percebeu claramente ser esse o caminho depois de passar seis meses a trabalhar com o gabinete de arquitectura que construiu o Arquivo & Museu da Resistência Timorense (antigo tribunal da comarca de Díli) e de um ano no Brasil, “a montar casas na favela Malvinas, pré-fabricados de seis m2” como voluntária da Teto, uma ONG que começou em 1997 no Chile e presta agora apoio a comunidades de 19 países.

“Quando cheguei a São Paulo, já ia com a ideia de procurar ateliers que trabalhassem apenas num determinado contexto social, longe dos condomínios das novelas. Acabei a fazer voluntariado integrada em equipas de dez pessoas que num fim-de-semana conseguiam dar cem casas novas aos mais desfavorecidos, e participei ainda num projecto para criar um novo protótipo deste tipo de habitação.”

Em Portugal, trabalha como voluntária com a Building 4Humanity, uma associação sem fins lucrativos de Coimbra que está a desenvolver projectos para a Guiné-Bissau.

O desfile das peças Mob.pop num dos maiores eventos de tendências do design nacional garantiu a Liliana Pires maior visibilidade e a entrada no directório de “quem-faz-o-quê” do novo site designportuguês.pt, criado no âmbito do Ano do Design Português. “Quando é preciso, é-se criativo.”

Sugerir correcção
Comentar