Consumo de canábis em doses diárias aumenta risco de psicose

Estudo do King's College de Londres teve a participação de investigador português.

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“A mensagem de que a canábis faz mal tem de passar", diz o investigador português que integrou o estudo REUTERS/Ian Hodgson

O consumo de canábis em doses diárias e muito fortes aumenta cinco vezes o risco de psicose, revela um estudo realizado no Reino Unido, que teve a participação do investigador e médico português Tiago Reis Marques.

O estudo, conduzido pelo Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociências do King's College de Londres, concluiu, ainda, que um em cada quatro novos casos de psicose se deve à ingestão diária de canábis de "alta potência".

"A canábis é uma droga, é uma substância que tem um efeito pernicioso. A mensagem de que faz mal tem de passar", afirmou à agência Lusa Tiago Reis Marques, co-autor da investigação, assinalando que "o que está a chegar à rua é uma planta muito mais forte".

A equipa, liderada pelo psiquiatra escocês Robin Murray, analisou uma amostra de mais de 400 doentes de várias idades, do sul de Londres, que acorreram entre 2005 e 2012, pela primeira vez, ao instituto com sintomas de psicose e com historial de consumos de canábis. Os resultados obtidos foram comparados com um grupo de controlo de 370 pessoas saudáveis.

Segundo Tiago Reis Marques, o estudo revelou que o risco de psicose aumenta nos doentes psicóticos proporcionalmente à frequência do consumo e à potência da droga ingerida, chegando a ser cinco vezes superior num dos grupos de pacientes, de 103 elementos — que fumavam diariamente canábis muito forte, com alto teor de tetrahidrocanabinol.

O psiquiatra enfatizou que, apesar de a investigação se centrar na população de Londres, as suas conclusões "seriam as mesmas" se fosse feita noutra cidade, ou noutro país.

O estudo foi publicado esta semana na revista The Lancet Psychiatry.

Depois deste trabalho, Tiago Reis Marques pretende analisar os efeitos da canábis no cérebro de pessoas saudáveis.

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