Cavalos de luxo disputam prova em Vilamoura a contar para os Jogos Olímpicos

Turismo de Portugal dá três milhões para realizar o Portugal Masters, mas ignora o hipismo – uma modalidade que a nível europeu rende 100 mil milhões de euros por ano.

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Vasco Célio

Durante sete semanas, mais de mil cavalos a saltar vão mexer com o turismo algarvio. Numa época em que a fecham hotéis e restaurantes por falta de clientes, é esperada uma ocupação de 70 mil camas. Nesta terça-feira arranca o Vilamoura Atlantic Tour – acontecimento que coloca o Algarve na rota do mundo equestre, atraindo os melhores cavaleiros do mundo. O impacto deste evento na economia regional, dizem os promotores, ronda os 21 milhões de euros.

O presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, crítico da política da promoção desenvolvida pelo Turismo de Portugal (TP), reclama das entidades oficiais ligadas ao sector “um olhar diferente” sobre esta modalidade que movimenta na Europa 100 mil milhões de euros por ano. O valor de um cavalo de alta competição chega ser superior a um Ferrari. Por isso, quando os participantes chegam ao Centro Hípico de Vilamoura não admira que sejam tratados como verdadeiras “estrelas” de Hollywood. Algumas das suites nos hotéis de cinco estrelas da zona estão reservadas para os empresários ligados a este desporto, mas os cavalos também direito a alguns luxos. Desde o cabeleiro à clinica com SPA, a cidade equestre foi concebida de forma a que aos animais não falte o conforto, não se vá dar o caso do stress ser desculpa para resultados menos favoráveis. As provas pontuam para a qualificação para os Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil

Desidério Silva, na conferência de imprensa destinada a apresentar a prova, lamentou o facto do TP ter ignorado a importância do evento em termos de apoios financeiros. Ao nível da Europa, adiantou o director do Clube Hípico de Vilamoura, António Moura, o hipismo é, em termos económicos, “mais importante do que o golfe”. Só a Grã-Bretanha, sublinhou, tem 1,2 milhões de cavalos e 3,5 milhões de praticantes. Segundo um estudo, divulgado pela British Equestrian Association, 73% dos cavaleiros são mulheres. Por seu lado, o presidente da RTA destacou a importância do golfe no combate à sazonalidade, realçando as 70 mil camas que vão ser ocupadas entre 17 de Fevereiro e 5 Abril, período em que decorre o evento. O Portugal Masters de golfe, afirmou, “recebe do TP três milhões de euros, de um total de cinco milhões destinados a apoiar grandes eventos de dimensão internacional”. Mas, no que diz respeito ao hipismo – uma modalidade em expansão no Algarve – “não existe qualquer apoio”, sublinhou.

Vilamoura, a Florida da Europa
Ao desconforto manifestado pelo social-democrata Desidério Silva, o presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, socialista, acrescentou o seu “descontentamento” por a iniciativa não merecer o acolhimento das entidades nacionais ligadas ao sector turístico. O autarca , puxando o tema para o lado da regionalização, afirmou: “A economia do Algarve não pode ser só um recurso à disposição dos governantes”. A expressão económica do sector turístico, sublinhou, não encontra equivalência nas verbas transferidas da administração central para as regiões. No campo dos desportos, António Moura acha que o hipismo tem condições para fazer de ”Vilamoura, a Florida da Europa”.

Uma das novidades desta edição é a prova de dressage – uma espécie de desfile de moda de alta costura. Neste palco, o cavalo lusitano é aquele que, geralmente, mais brilha na arte de meter o pé (pata) no sítio certo.

Do naipe dos cavaleiros famosos a participar, destaca-se a britânica Laura Renwick, de 41 anos – considerada um dos cavaleiros mais rápidos do mundo –, Andreas Schou, 28 anos, o melhor cavaleiro dinamarquês da actualidade, mas também o japonês Taizo Sugitani, de 38 anos, que já competiu em cinco jogos olímpicos consecutivos.

Neste desporto, tido até há alguns anos como sendo dirigido apenas às elites, Angola está a dar os primeiros passos. No passado mês de Dezembro, a assembleia da Federação Equestre Internacional aceitou o país de José Eduardo dos Santos como membro desta comunidade. Na sequência desse acto, António Moura, aproveitando as ligações que mantém com Angola, irá criar, no âmbito deste evento, o “Grande Prémio de Angola”, proporcionando às empresas o salto para outros negócios.

Negócios como a mudança de mãos da empresa Lusotur, proprietária da marina de Vilamoura e de mais 600 mil metros quadrados de construção e que está “em vias de formalizar” a venda, segundo apurou o PÚBLICO junto de fonte ligada à empresa. A transacção, noticiou o Expresso, a meio do mês de Setembro, deverá ser feita entre o BBVA - que ficou com a Lusotur depois do antigo accionista, o grupo Prasa, ter entrado em falência - e o fundo imobiliário norte-americano Lore Star, envolvendo Paul Taylor, dono do resort Monte da Quinta (Quinta do Lago).

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