Cachecol foi bandeira anti-austeridade em Lisboa

Manifestação foi do Largo do Camões até ao Largo Jean Monnet, onde fica o edifício da Comissão Europeia.

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O cachecol inspirador de Varoufakis Reuters

Várias centenas de pessoas marcharam este domingo por Lisboa em solidariedade com a Grécia, numa manifestação com palavras de ordem contra o Governo português, o Presidente da República e a chanceler alemã. Entre os manifestantes eram muitos os cachecóis iguais aos do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.

A manifestação convocada pelas redes sociais juntou mais de 500 pessoas, que partiram do Largo Camões, no Chiado, ao início da tarde, até ao Largo Jean Monnet, onde fica o edifício da Comissão Europeia em Lisboa.

Com várias tarjas, cartazes de apoio ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e bandeiras do Bloco de Esquerda proclamando "Esperança contra a austeridade", os manifestantes caminharam durante cerca de uma hora ao ritmo de tambores, subindo a rua da Misericórdia e de São Pedro de Alcântara até ao bairro do Príncipe Real e depois descendo a rua do Salitre.

Na frente de um dos grupos da manifestação, a deputada bloquista Mariana Mortágua dava o mote, de megafone na mão, ensaiando palavras de ordem gritadas a plenos pulmões contra as recentes posições do executivo português e do Presidente da República, Cavaco Silva.

"Culpas os gregos, ó Cavaco, no BPN continua o buraco”; “Sim ao Varoufakis, não à Maria Luís"; "Merkel capataz, deixa a Grécia em paz", afirmava a deputada do BE, já rouca.

Durante a manifestação, havia também várias pessoas com cachecóis bege e com riscas pretas, vermelhas e brancas, iguais ao utilizado pelo ministro das Finanças grego no último Eurogrupo.

Cristina Paixão, uma das manifestantes com um destes cachecóis, disse à Lusa que fez questão de o levar para protestar contra "a propaganda política que tem sido feita contra Varoufakis", que "é completamente absurda, ridícula e patética".

"Não é um cachecol que torna um ministro das Finanças melhor ou pior ministro, perder tempo com esse tempo de fait divers é perfeitamente ridículo", afirmou, já no Largo Jean Monnet.

A antiga presidente da secção portuguesa da Amnistia Internacional Maria Teresa Nogueira, também presente na iniciativa, criticou, em declarações à Lusa, o caminho seguido pela União Europeia e "a lógica de aprofundamento das desigualdades, a nível nacional e a nível europeu".

"Estou aqui a título pessoal. Temos de reagir, todos nós. Isto é o caminho para o abismo, o facto de os direitos mais fundamentais das pessoas serem postos de lado configura uma situação de conflito que explica as radicalizações [na Europa], é uma situação que tem de ser acabada", disse.

Para a dirigente da Amnistia, agora coordenadora do grupo da China, "esta é uma oportunidade única” de apanhar “boleia da Grécia e tentar reverter toda a miséria" que se vive na Europa.

Na manifestação marcaram presença vários dirigentes do BE, como os deputados Luís Fazenda e Cecília Honório ou a eurodeputada Marisa Matias, o dirigente do Livre Rui Tavares ou personalidades como o realizador António Pedro Vasconcelos ou a médica Isabel do Carmo.

"Acho que toda a gente devia estar aqui, a situação está horrível em toda a Europa, acho que o mínimo que qualquer pessoa pode fazer é isto", afirmou Maria Antónia, outra manifestante, já a entrar na rua do Salitre, junto ao Rato.

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