Protesto imóvel dos jogadores do Alianza Lima contra a violência

Foram agredidos pelos adeptos da equipa durante um treino e pararam nos primeiros 20 segundos de um jogo da Libertadores.

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Os adeptos do Alianza lutaram uns com os outros Reuters
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Os jogadores do Alianza Lima não se mexeram durante os primeiros 20 segundos do jogo com o Huracán, para a Taça Libertadores, em protesto contra a violência e o clima de tensão que marcou a sua relação com os adeptos da própria equipa nos últimos dias.

Para o Huracán, que estava no segundo escalão na época anterior, mas apurou-se para a Libertadores com a vitória na Taça da Argentina, esta foi uma boa semana. O clube de Buenos Aires empatou a zero na recepção ao adversário peruano, mas garantiu, depois de 41 anos ausente da prova, o apuramento à vontade para a fase de grupos porque tinha vencido em Lima, na 1.ª mão, há uma semana, por 0-4. Para o Alianza, pelo contrário, estes foram dias para esquecer.

Foi precisamente essa goleada sofrida a precipitar os acontecimentos e o divórcio entre os futebolistas e os adeptos de um dos maiores e mais populares clubes do Peru. No final da partida, alguns apoiantes reuniram-se, descontentes, à saída do estádio. Os jogadores Christian Cueva, Miguel Araujo e Víctor Cedrón não gostaram dos insultos, confrontaram-nos, e os dois primeiros acabaram por dar um soco num adepto (presumivelmente, não no mesmo).

Através das redes sociais, a principal claque do clube, Comando Svr, rapidamente ameaçou os jogadores. Cueva e Araujo, ambos internacionais peruanos, pediram desculpa no dia seguinte, no site da equipa. Mas as coisas não ficaram por aí. No treino subsequente, vários adeptos, armados com bastões, invadiram o recinto e agrediram, pelo menos, Araujo, Cueva e Cedrón, que ficou com marcas visíveis num olho. Os dois últimos já manifestaram intenção de abandonar o clube 22 vezes campeão do Peru. Ainda por cima, os futebolistas acusaram a administradora do clube, Susana Cuba, de estar por trás do ataque – após a goleada, cada jogador do plantel recebeu uma carta do clube em que este manifestava o propósito de reduzir o salário para metade por “não cumprimento deliberado das instruções do treinador”, mas entretanto recuou na sua intenção.

A derrota com o Sport Huancayo (2-1), na Taça Inca, não melhorou a situação e a comitiva da equipa foi recebida com insultos e cuspidelas dos seus adeptos na chegada ao aeroporto em Buenos Aires.

Foi neste contexto que se chegou ao protesto imóvel dos jogadores do Alianza no jogo da 2.ª mão com o Huracán, como forma de repudiar as agressões de que foram alvo. O árbitro apitou no Estádio Tomás Adolfo Ducó, mas os atletas visitantes permaneceram parados durante instantes. Mas nem nas bancadas houve paz, pois durante a primeira parte duas facções distintas de adeptos do Alianza envolveram-se em confrontos entre si, com um deles a ser apunhalado.

Para o Alianza Lima, que tem como um dos seus grandes símbolos Teófilo Cubillas, jogador que passou pelo FC Porto nos anos 70, a 24.ª participação na Taça Libertadores ficou-se pela 1.ª eliminatória. A sua melhor performance aconteceu em 1976 e 1978, quando atingiu as meias-finais, numa altura em que esta fase era disputada por seis equipas divididas em dois grupos.

Também sediados na capital, o Universitario e o Sporting Cristal, os maiores rivais do Alianza, são os únicos emblemas do Peru que conseguiram chegar à final da competição, ambos uma vez, mas ainda não há nenhum representante do país inscrito na lista de vencedores.

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