PS quer saber se Carlos Moedas falou com a troika sobre o BES

Socialistas querem respostas por escrito também de Vítor Gaspar, Vítor Constâncio e do ex-comissário Olli Rehn, entre outros.

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Carlos Moedas é agora comissário europeu Fernando Veludo/nFACTOS

O PS entregou esta segunda-feira, na comissão de inquérito BES/GES, as perguntas para diversas personalidades que vão responder aos deputados por escrito, questionando por exemplo Carlos Moedas sobre se alguma vez falou com a troika sobre o banco.

"Nas reuniões que manteve com a troika, no quadro do acompanhamento da execução do programa de ajustamento, a situação financeira do BES [Banco Espírito Santo] chegou ser abordada? De que se falou sobre o BES nessas reuniões?", questionam os socialistas, no conjunto de perguntas endereçado ao antigo secretário de Estado e atual comissário europeu.

Nos textos hoje enviados à comissão, a que Lusa teve acesso, são enviadas perguntas a seis personalidades: Moedas, o antigo governador do Banco de Portugal (BdP) Vítor Constâncio, o ex-ministro Vítor Gaspar, o antigo comissário europeu Olli Rehn, o diretor-geral da Concorrência da Comissão Europeia, Alexander Italianer, e o responsável do Crédit Agricole Bruno Laage de Meux.

Na sexta-feira foram conhecidas as perguntas de PSD e CDS-PP para as mesmas personalidades. Ainda no que refere a Carlos Moedas, o PS faz mais perguntas sobre os contactos com a troika e sobre as reuniões do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) na quais o seu nome é referido.

"Fez algum contacto com o dr. José de Matos sobre a possibilidade de receber representantes da área não financeira do GES [Grupo Espírito Santo]? Alguma vez lhe falou da necessidade que o GES tinha de uma linha de financiamento? Se sim, que resposta obteve? Deu depois nota dessa conversa ao dr. Ricardo Salgado?", interrogam os socialistas.

A Vítor Constâncio, ex-governador do BdP e actual vice-governador do Banco Central Europeu (BCE), os socialistas, coordenados na comissão de inquérito pelo deputado Pedro Nuno Santos, perguntam qual a situação financeira do BES "e o seu nível de exposição ao restante GES", na altura em que o responsável terminou o seu último mandato como governador, em 2010.

"Tomou conhecimento, durante o período em que foi governador do BdP, de algum indício de contas falsificadas na holding de topo do grupo ESFG [Espírito Santo Financial Group]/BES? Alguma vez algum membro do Conselho Superior do GES, do Conselho de Administração da ESFG ou da Comissão Executiva do BES o contactou, durante o período em que foi governador do BdP, para lhe transmitir dúvidas ou suspeitas sobre as contas do BES ou de alguma holding do GES?", é também perguntado.

Já do antigo comissário Olli Rehn os socialistas pretendem saber, por exemplo, se a medida de resolução aplicada ao BES no dia 3 de Agosto "foi uma imposição da Comissão Europeia ou foi, apenas, uma decisão do Governo português e do BdP".

"Como é que, no quadro do programa de ajustamento e das sucessivas avaliações regulares realizadas pela troika, nunca conseguiram identificar os problemas graves que já atingiam o BES?", querem também saber os deputados do PS.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

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