Para onde vai Cristiano Ronaldo depois de fazer 30 anos?

O futebolista português é, a partir desta quinta-feira, um trintão. E já disse que quer jogar até aos 36 anos. A forma como tem encarado a carreira ajuda a alimentar essa ambição.

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Ronaldo já vai na 13.ª época como jogador profissional Juan Medina/Reuters

Não há uma regra para saber o que acontece a um jogador depois dos 30 anos. Pelé, por exemplo, foi campeão do mundo quando fez 30, em 1970, Eusébio teve uma das suas melhores épocas quando passou a ser trintão. Aos 30, Marco van Basten ainda não tinha abandonado em definitivo, mas, sem saber, já tinha feito um ano antes o seu último jogo, e Ronaldinho Gaúcho já estava a entrar no ocaso da sua carreira de onde dificilmente irá sair. Nesta quinta-feira, Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro chega aos 30 e parece ser mais um Pelé do que um Ronaldinho. O melhor jogador da actualidade só tem melhorado com a idade e tudo o que tem feito sugere que pode, como o próprio já disse, estar em alta mais cinco ou seis épocas.

Quando recebeu, há menos de um mês o prémio de melhor jogador do mundo em Zurique, Ronaldo definiu como meta imediata conquistar, pelo menos, mais uma destas distinções e empatar com Lionel Messi. Não é muito habitual um jogador trintão ser considerado o melhor do mundo, mas também não é uma excepção assim tão rara. Se nunca aconteceu desde que os prémios FIFA e France Football se uniram, quando a distinção era atribuída apenas pela publicação francesa, oito jogadores com 30 ou mais anos foram distinguidos. O mais recente foi Fabio Cannavaro, Bola de Ouro em 2006 com 33 anos, mas está bem longe do “eterno” Stanley Matthews, que recebeu o prémio em 1956, com 41 anos.

É provável que Ronaldo não tenha uma carreira tão longa como a de Matthews — que ainda jogou até aos 50 —, e o português já definiu de uma forma mais ou menos precisa quando vai deixar de jogar futebol. “Quando penso parar? Podia dar a resposta politicamente mais interessante e dizer que vou jogar até as pernas me deixarem, mas na verdade a minha ideia é jogar até aos 35 ou 36 anos”, dizia Ronaldo numa entrevista à TVI em Agosto passado. “Mas nessa altura poderei pensar de outra forma”, acrescentou o avançado do Real Madrid.

Ainda não é possível projectar o que será o futuro de Ronaldo no Real Madrid para lá de 2018, ano em que termina o seu contrato com os merengues, embora Jorge Mendes, o seu agente, já tenha dito que o Santiago Bernabéu poderá bem ser a última paragem da sua carreira, embora tenha também admitido que Ronaldo pode ainda passar pelo campeonato norte-americano. Seja como for, quem terá mais a agradecer com a longevidade de Ronaldo é a selecção portuguesa, que ainda não tem (se é que tal seria possível) um substituto à altura do seu capitão.

A confirmar-se os seis anos que Ronaldo define para si próprio como o prazo de validade da sua carreira, e partindo do pressuposto que não irá abandonar a selecção, o capitão português ainda estará disponível para, pelo menos, mais dois Europeus (2016 e 2020) e um Mundial (2016). Ou seja, serão mais três hipóteses para Ronaldo tentar o que ainda lhe falta na carreira, um grande título para a selecção, ele que já é o português com mais presenças em fases finais (três Mundiais e três Europeus), para além de ser o melhor marcador de sempre da selecção (52 golos) e estar a caminho de ser o mais internacional — 118 jogos, a apenas nove das 127 de Luís Figo.

Ronaldo já vai na 13.ª época como jogador profissional. Já passou uma eternidade desde que se estreou, com 17 anos, na primeira equipa do Sporting, mas já então tinha o que nunca perdeu, um respeito total pela sua profissão e o desejo de modelar o corpo para ajudar o talento. Henrique Jones, antigo médico da selecção portuguesa, dizia há poucos dias à agência Lusa que Ronaldo é “um atleta de excepção com um talento inato e com uma capacidade de trabalho fora do comum”, mas que é natural alguma degradação física com o passar dos anos. “Por volta dos 35 anos, o músculo e o tendão perdem capacidades e, por muito que a pessoa trabalhe, é mais susceptível a lesões”, considera o clínico.

Ronaldo nunca sofreu com lesões muito graves que obrigaram a longas paragens e isso talvez faça com que a carreira seja mais longa. Talvez daqui a cinco anos não seja o mesmo jogador, menos explosivo e mais posicional, mas Ronaldo, que tão bem conhece o seu corpo, nem sequer sente que as suas pernas tenham a idade que aparece no seu bilhete de identidade, como confessou numa entrevista em Agosto do ano passado. “Os anos vão passando e vamos ficando experientes e maduros. Mas não penso que tenha 29 anos. Na minha cabeça tenho 23 ou 24.”

Veja aqui o especial Cristiano Ronaldo

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