Empresas portuguesas prevêem quebra no investimento este ano

Principal obstáculo ao investimento é a deterioração das perspectivas de venda.

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Cerca de 13% das empresas prevêem criar mais postos de trabalho este ano Daniel Rocha

O investimento empresarial vai sofrer uma variação negativa de 2,2% este ano, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo o inquérito de conjuntura ao investimento, que decorreu entre Outubro do ano passado e 19 de Janeiro, a perspectiva é agora mais negativa do que em 2014, quando houve um crescimento do dinheiro aplicado pelas empresas. Ao mesmo tempo, o INE reviu em baixas as perspectivas para 2014, tendo em conta o inquérito anterior. Se antes se apontava para uma variação de 2,4%, agora o INE vem dizer que terá sido de 1%, ou seja, menos de metade.

Além disso, verifica-se que o investimento, calculado através da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), foi negativo entre as empresas identificadas como exportadoras. De acordo com o INE, “estima-se que o investimento neste universo tenha diminuído 3,2% em 2014” e que, este ano, se deverá assistir a um agravamento para -5,1. Tendo em conta que um dos motores do crescimento da economia passa não só pelo aumento do investimento, bem como pelas vendas ao exterior, estes não são bons sinais para a economia portuguesa.

Quando se olha para os principais factores referidos pelas empresas que mencionam obstáculos ao investimento para este ano (e que foram 58,7% do total), o que surge em primeiro lugar é a percepção da deterioração das perspectivas de venda, com um peso de 48,3% nas respostas, factor que inibe logo à partida qualquer aplicação de capital, mesmo antes de procurar fontes de financiamento. Neste caso em concreto, as empresas orientadas para o mercado externo são mais optimistas, baixando o indicador para 21,5%, mas queixam-se de outros aspectos bem relevantes: falta de rentabilidade dos investimentos (25,4%, contra a média de 19,7%) e dificuldade em obter crédito bancário (22,6%, contra uma média algo surpreendente de 8,1%).

De acordo com os dados divulgados pelo INE, o autofinanciamento é a principal fonte de investimento das empresas (69,7%), relegando o crédito bancário para segundo lugar (19,2% do total). “Entre os objectivos do investimento, perspectiva-se uma redução do peso relativo do investimento associado à extensão da capacidade produtiva de 2014 para 2015”, embora este seja o principal objectivo, sublinha o INE. Ao mesmo tempo, assiste-se a uma subida do peso relativo dos investimentos orientados para a substituição e para a racionalização e reestruturação, com destaque para o primeiro caso.

Um indicador positivo é o facto de haver uma melhoria da perspectiva da criação de emprego, com 13,3% das empresas a prever mais postos de trabalho este ano, quando esse universo era de 11,4% no ano passado. No entanto, olhando para as exportadoras, embora estas estejam acima da média na intenção de contratação de trabalhadores com 16,2%, verifica-se uma descida expressiva face aos 20,4% do ano passado.

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