Jorge Mendes considera ilegais normas da UEFA e da FIFA

O empresário criticou o fair play financeiro e a proibição da posse, por terceiros, do passe de jogadores.

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Jorge Mendes está em rota de colisão com a FIFA e a UEFA Sergio Perez/Reuters

Jorge Mendes criticou abertamente a proibição imposta pela FIFA da posse, por entidades terceiras, do passe de jogadores (TPO, na sua versão inglesa). O agente apelidou mesmo de ilegal a decisão e acrescentou que ela vai matar a competição no futebol europeu.

Numa entrevista concedida à agência Reuters, em Singapura, o empresário que representa, entre outros, Cristiano Ronaldo ou o treinador José Mourinho, atacou ainda o fair play financeiro, sistema de normas impostas aos clubes que, grosso modo, impedem que estes gastem mais do que recebem.

"É ilegal, completamente ilegal, ilegal, ilegal, ambas as imposições são ilegais. A maior parte das pessoas não sabe do que estão a falar. Ninguém tem o direito de impedir que um jogador procure um emprego melhor e é isso que estão a fazer”, declarou Mendes.

Em Setembro, a FIFA anunciou a proibição a partir do dia 1 de Maio de 2015 da posse por terceiros do passe de jogadores (TPO) – mecanismo através do qual os clubes vendem a um investidor uma percentagem do passe do futebolista. Esta prática é proibida em Inglaterra desde 2008, enquanto se tornou comum noutros países europeus, nomeadamente em Portugal, onde os clubes a utilizavam de forma a conseguir contratar jovens talentos sul-americanos, trazê-los para a Europa e, posteriormente, obter mais-valias numa venda para alguns dos principais clubes europeus.

Na opinião de Jorge Mendes, jogadores como os colombianos James Rodríguez ou Radamel Falcão ou o argentino Angel Di María, três atletas que trouxe para Portugal e que, posteriormente, foram vendidos para o Real Madrid e o Manchester United nunca teriam saído do continente sul-americano se a proibição relativa ao TPO estivesse em vigor.

Na entrevista à Reuters, Mendes deu os exemplos de FC Porto e Benfica como clubes que sairão prejudicados com a imposição destas normas. Benfica e FC Porto não recebem mais do que 18 milhões de euros de direitos televisivos por ano. Em Inglaterra, um pequeno clube recebe 80 ou 90 milhões. Eles não têm o direito de encontrar formas de melhorar? Estão a matar a competição, a matá-la. Clubes como o Benfica e o FC Porto têm jogado na Liga dos Campeões, obtido bons desempenhos mas não conseguirão acompanhar o nível dos restantes [se estas proibições se mantiverem]. Em Espanha a mesma coisa. O Atlético de Madrid nunca teria ganho a Liga [na última temporada], nunca, completamente impossível”, referindo-se à influência que Diego Costa teve na equipa antes da sua transferência para o Chelsea.

“O que é que querem? Uma competição apenas entre o Real Madrid, o Barcelona, o Bayern Munique e o Manchester United?”, questionou Mendes antes de considerar que as normas impostas pela FIFA e UEFA apenas servem para tornar mais fortes os clubes de elite e impedir que os restantes se aproximem.

Jorge Mendes manifestou ainda a sua convicção de que, no futuro, a TPO volte a ser uma prática comum e que o fair play financeiro acabará por ser posto de lado. “Isso vai acabar. Um tribunal, não sei onde, não sei quando, não sei como vai acabar com isso. Se o fair play financeiro for parar aos tribunais vai perder com um milhão por cento de certeza. Se o TPO for a tribunal vai perder com um milhão por cento de certeza”, concluiu.

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