No Hootenanny o blues é da América, é da Suíça, é de Espanha

O festival arranca esta sexta-feira na Culturgest com Ronnie Baker Brooks. Seguem-se o suíço Joe Colombo, segunda-feira, e os espanhóis Mingo & The Blues Intruders, quarta.

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Ronnie Baker Brooks, filho de um velha guarda do blues de Chicago, Lonnie Brooks, abre esta sexta-feira o festival DR

Que os blues nascidos no Delta do Mississipi há muito deixaram de lhe pertencer em exclusivo é um facto conhecido e comprovado - espalharam-se muito cedo pelo vasto território americano, sofrendo enriquecedoras mutações à medida que avançavam, estado a estado. Que os blues, património americano, há muito deixaram de ser exclusivamente americanos, também não deixa dúvidas a ninguém – basta recordar a explosão blues britânica dos anos 1950 e 1960, basta recordar, em Portugal, os Go Graal Blues Band de ontem ou o Legendary Tigerman e os Nobody’s Bizness de hoje.

Faz todo o sentido, assim sendo, que o blues celebrado anualmente na Culturgest de Lisboa, através do festival Hootenanny, comissariado por Ruben de Carvalho, apresente no seu cartaz de 2015 um americano, um trio liderado por um suíço e uma banda espanhola. Ronnie Baker Brooks é o americano e toca esta sexta-feira no Grande Auditório (21h30). Joe Colombo é o suíço e o seu trio sobe a palco segunda-feira, 2 de Fevereiro (Pequeno Auditório, 21h30). Mingo & The Blue Intruders é a banda espanhola e estará no Pequeno Auditório quarta-feira, 4 de Fevereiro, igualmente às 21h30.

Ronnie Baker Brooks tem o blues inscrito nos genes. Filho de Lonnie Brooks, bluesman da velha guarda, cresceu a ver o pai e lendas como Muddy Waters ou BB King. Nascido em Chicago em 1967, um entre nove filhos, começou a tocar baixo na banda do pai em 1986. Doze anos depois estreou-se com Golddigger. Fiel à sua geração e à natureza omnívora do blues, alargou-lhe horizontes. Na sua música, está a electricidade do blues de Chicago, mas também os sons do funk e do hip hop que o rodeavam enquanto crescia. The Torch, de 2006, é o seu último álbum.

Joe Colombo nasceu na Suíça, mas a música que o inspirou vinha de outro continente. A guitarra slide era a sua paixão e, aos 21 anos, partiu para os Estados Unidos para mergulhar na tradição musical que lhe causara um efeito tão profundo. Daí para cá, participou em álbuns de homenagem a Jimi Hendrix, viu o seu nome comparado a Stevie Ray Vaughn ou Johnny Winter e formou um duo com Terry Evans, cantor que acompanhou nomes como Ry Cooder, John Lee Hooker ou Eric Clapton. Actualmente a viver em Cracóvia, na Polónia, apresenta-se no Hootenanny como líder de um trio que partilha com Gian-Andrea Costa, baixista, e Tony Rotta, baterista.

Quanto aos Mingo & The Blues Intruders, são reunião de quatro apaixonados pelo blues em terras de Espanha. A liderá-los, enquanto vocalista e homem da harmónica, está Mingo Balaguer. Foi ele que reuniu o grupo em 2002 e é ele que os vem guiando por uma viagem por diversas linguagens do blues: o clássico de Chicago, o texano, o californiano. Goin’ West, de 2008, foi o primeiro álbum da banda, seguido dois anos depois pelo ao vivo Fun to Visit. Wild Wild Woman, de 2013, é o último volume inscrito na discografia do quarteto.

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