O corpo grego e a cópia na abertura da nova casa da Fundação Prada em Milão

A fundação de Miuccia Prada e do seu marido, Patrizio Bertelli, foi criada em 1993 e começou desde logo a reunir uma enorme colecção de arte contemporânea, mas só agora se prepara para inaugurar uma casa permanente em grande formato.

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Cortesia: Fundação Prada
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Maqueta do projecto do arquitecto Rem Koolhaas e do seu atelier, o OMA Cortesia: Fundação Prada

A 9 de Maio, a exposição Serial Classic vai servir de cartão de visita a este novo centro cultural, instalado numa zona industrial na parte sul de Milão, num conjunto de edifícios recuperados de acordo com o projecto do arquitecto holandês Rem Koolhaas e do seu atelier, o OMA. Uma velha destilaria do início do século XX que agora se deverá transformar num ponto de paragem obrigatória para todos aqueles que gostam de arte e de museus.

Mas não é só na arquitectura que a nova fundação se concentra em estrelas. De acordo com o programa recentemente apresentado, e de que a publicação especializada The Art Newspaper dá conta, o espaço com mais de 11 mil metros quadrados expositivos que o casal Prada-Bertelli se prepara para inaugurar – inclui sete estruturas pré-existentes recuperadas e três edifícios a estrear, entre eles um grande módulo de exposições, uma torre de nove andares e um cinema – terá um bar desenhado pelo realizador norte-americano Wes Anderson (Os Tenenbaums – Uma Comédia Genial e The Grand Budapest Hotel), obras site-pecific do escultor Thomas Gober e do fotógrafo Thomas Demand, e um documentário com a assinatura de Roman Polanski.

Nada de novo dirão os que há 20 anos acompanham o trabalho desta fundação que se habituou a colaborar com artistas como Anish Kapoor, Walter de Maria, Louise Bourgeois ou Steve McQueen, mas ainda assim um programa aguardado com expectativa, sobretudo quando as instituições culturais italianas, mesmo as mais recentes como o MaXXI, em Roma, estão a enfrentar sérios problemas de financiamento, lembra o Art Newspaper.

Serial Classic, que faz parelha com Portable Classic, uma outra exposição a inaugurar pela mesma altura na sede que a fundação tem em Veneza (um palácio com vista para um dos muitos canais da cidade), é comissariada pelo historiador Salvatore Settis e promete fazer a ponte entre o mundo clássico e o contemporâneo. Abertas até ao fim do Verão, as duas exposições vão centrar-se na relação entre o original e a cópia em arte, partindo das esculturas gregas amplamente reproduzidas pelo mundo romano. Serão mais de 70 obras de arte a explorar a ideia – e os métodos – de multiplicação do objecto artístico ao longo dos séculos, dando especial atenção ao renascimento e ao neoclassicismo.

A fundação vai muito além da mera acumulação de obras numa colecção”, disse Salvatore Settis, citado pelo Art Newspaper. “Miuccia Prada queria que a primeira exposição se focasse na antiguidade clássica, mas num contexto contemporâneo.” Explica o comissário que as cópias destas esculturas clássicas que eternizaram “o corpo grego” foram amplamente difundidas na renascença, época em que havia já uma grande competição entre coleccionadores e mecenas. As de grande formato serão expostas em Milão, as mais pequenas tomarão conta do palácio veneziano. Ao mesmo tempo, nos dois locais serão mostradas peças da colecção da designer de moda. Só que, em Milão, é possível pedir um copo no bar de Wes Anderson e com ele regressar ao século XIX, quando a cidade e a sua vida nos cafés era bem diferente.

 

 

 

 

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