Da PACC, saem mal professores e MEC

Nada contra a ideia de se avaliarem os profissionais, os professores ou outros. Numa cultura que se quer de mérito e não de cunha, é importante ter medidas tangíveis e formas concretas de concluir se o candidato A é melhor do que o candidato B.

Mas os testes devem fazer sentido e devem ser claros. Vale a pena fazer o teste preparado pelo Instituto de Avaliação Educativa e entregue em Dezembro pelo Ministério da Educação a 2500 professores. Chamaram-lhe Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC). Agora que conhecemos o enunciado e os resultados, pode concluir-se que os sindicatos têm razão quando afirmam que o teste não serve para aferir se os candidatos serão ou não bons professores. Espera-se que, para além dos conhecimentos específicos das matérias, os professores em Portugal tenham cultura geral e raciocínio lógico, saibam pensar fora do seu quadro mental habitual, escrevam bem português, saibam que uma vírgula não se usa entre o sujeito e o predicado, e qual a diferença entre “há” e “à”. Não se espera que cada professor seja um Alan Turing, mas não é verdade que a PACC possa ser feita com uma perna às costas por qualquer adolescente de 14 anos. Deste teste fica sobretudo um sabor amargo. Em relação aos dois protagonistas: quem os construiu e quem os fez. Muitos professores foram incapazes de escrever 100 palavras sobre a comunicação na actual era digital (neste ponto, este texto tem 235 palavras) e deram erros ortográficos e de pontuação. Há coisas que não espantam, pois o nível de exigência na formação dos professores está muito abaixo do ideal. Até há pouco tempo, continuava a ser possível entrar no ensino superior com nota negativa nos exames do 12.º ano, mesmo às disciplinas que o futuro professor iria leccionar. A famosa Matemática por exemplo. Mas olhar para as três perguntas que os professores mais erraram é também constatar a incapacidade do ministério de usar um português claro. Esse seria um bom ponto de partida.

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