Da Microsoft ao Facebook, os óculos estão na moda

Grandes empresas de tecnologia estão a misturar o mundo físico e o digital.

Uma imagem criada pela Microsoft ilustra a visão da empresa
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Uma imagem criada pela Microsoft ilustra a visão da empresa Microsoft
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Os Oculus Rift, na Consumer Electronic Show, em Las Vegas ROBYN BECK/AFP
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O co-fundador do Google Sergey Brin, com os Google Glass Robert Galbraith/reuters
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Os óculos de realidade virtual da Samsung Yuya Shino/REuters

Microsoft, Facebook, Google, Samsung. Com abordagens muito diferentes, todas decidiram apostar numa nova categoria de produto: óculos capazes de criar novas dimensões de realidade digital. Estão, porém, ainda longe de conseguir levar o resultado à massa de consumidores.

Nesta quarta-feira, a Microsoft surpreendeu ao apresentar os HoloLens, um projecto que estava a ser desenvolvido em segredo. Os óculos permitem sobrepor imagens digitais tridimensionais (bem como som) ao ambiente do utilizador. Este pode não apenas ver, mas também interagir com estas imagens. 

Estes óculos da Microsoft têm a sua própria unidade de processamento, pelo que não precisam de estar ligados a um computador ou outro dispositivo. Nos vídeos em que promove o conceito (e que reflectem mais uma visão do que o estado actual da tecnologia), a Microsoft imagina vários cenários de uso, pessoais e profissionais: um ecrã de videochamadas que acompanha o utilizador enquanto este caminha; uma mota real na qual é colocado um novo depósito acabado de desenhar no computador; uma lista digital de tarefas “colada” à porta do frigorífico; uma grande televisão que na verdade não existe. A empresa chama hologramas a esta tecnologia mas um verdadeiro holograma teria de ser visto sem quaisquer óculos. 

A imprensa dos EUA, que já experimentou um protótipo do dispositivo, ficou impressionada. A revista Wired descreve-o como “fantástico”. Uma experiência de exploração de Marte simulada pelo aparelho deixou a repórter da revista a escrever que ficou com vontade de não tirar os óculos, “capazes de fazer o inimaginável parecer real”. Por seu lado, o New York Times qualifica os HoloLens como “uma visão sensacional do PC do futuro”. O jornalista descreve que usou um martelo virtual para bater numa mesa real que se “estilhaçou”: os óculos foram capazes de ocultar o objecto real e de criar pedaços de mesa digitais. Para o site especializado Ars Technica, a utilização foi “nada menos do que mágica”. Mas também houve quem ficasse pouco impressionado e dissesse que a experiência não era imersiva.

"O progresso na nossa indústria é pontuado por momentos de criação de categorias [de produtos]", afirmou na apresentação o presidente executivo da Microsoft, Satya Nadella,  acrescentando que "a computação holográfica é um desses momentos". Nos últimos tempos, as novas categorias de produtos de consumo têm sido criadas sobretudo pela Apple. Aconteceu com o iPhone, que em 2007 deu o arranque para a era dos smartphones modernos, e com o iPad, que criou o segmento dos tablets (já existiam tablets antes, mas sem expressão no mercado).

A Microsoft não está sozinha nesta tentativa de lançar uma nova categoria de produto. Outro conhecido projecto para misturar imagens digitais com o mundo físico tem a chancela do Google. Os Google Glass têm um pequeno ecrã que permite aceder à Internet e sobrepor informação àquilo que o utilizador esteja a ver. É a chamada realidade aumentada. Também têm uma câmara, o que originou várias preocupações de privacidade.

Na semana passada, a empresa anunciou que deixaria de os vender (custavam 1500 dólares para quem quisesse criar aplicações para o dispositivo). O plano, segundo o Google, é continuar a trabalhar neste tipo de produto, com a equipa dos Glass a ficar sob a alçada de Tony Fadell, conhecido por ter sido em tempos um dos principais responsáveis pelo iPod, da Apple (e que actualmente dirige uma empresa de termóstatos inteligentes que o Google comprou). A decisão de retirar os óculos de venda também foi vista como um reconhecimento de que não estavam prontos para chegar aos consumidores.

Por outro lado, no final do ano passado, o Google encabeçou uma ronda de investimento de 542 milhões de dólares numa startup de realidade virtual chamada Magic Leap, de que são conhecidos poucos pormenores. O site da empresa não é particularmente revelador: “A Magic Leap é uma ideia (…) É uma ideia baseada na crença de que as pessoas não deviam ter de escolher entre tecnologia ou segurança, tecnologia ou privacidade, o mundo virtual ou o mundo real”.

Também a Samsung – uma gigante da electrónica que lidera em mercados como o das telemóveis e o das televisões – já tem os seus óculos. Os Samsung Gear VR são aparelhos de realidade virtual, que projectam apenas imagens digitais. O conceito é diferente da realidade aumentada dos Google Glass e dos dos HoloLens.

Estes Gear foram desenvolvidos numa parceria com a Oculus, empresa que o Facebook comprou, em Março do ano passado. A rede social desembolsou no negócio dois mil milhões de dólares, embora a maioria em acções.  

A Oculus está a desenvolver um aparelho chamado Oculus Rift, originalmente concebido para videojogos. Mas Mark Zuckerberg quer levá-los a outras áreas. “Depois dos jogos, vamos tornar a Oculus uma plataforma para muitas outras experiências. Imaginem apreciar um jogo num lugar da bancada do court, estudar numa sala de aula com alunos e professores de todo o mundo, ou ter uma consulta cara a cara com um médico – apenas pondo uns óculos em casa. Isto é mesmo uma nova plataforma de comunicação”, afirmou o fundador do Facebook, na altura da aquisição.

Fiel ao espírito da rede social, Zuckerberg esboçou também a ideia de usar a realidade virtual para fazer partilhas: “Ao sentirmo-nos verdadeiramente presentes, podemos partilhar espaços e experiências sem limites com as pessoas da nossa vida. Imaginem partilhar não apenas momentos com os vossos amigos online, mas experiências e aventuras inteiras”. A concretizar-se, esta será uma nova realidade.

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