Companhia das Letras chega a Portugal com romance de Chico Buarque

O Irmão Alemão é a primeira obra a ser editada pela Companhia das Letras em Portugal. O romance de Chico Buarque chega às livrarias em Fevereiro.

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Chico Buarque
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A editora mais carismática do Brasil, a Companhia das Letras, anunciou esta quarta-feira, em comunicado, a sua entrada no mercado português numa iniciativa conjunta com o grupo editorial Penguin Random House de que faz parte desde 2011.

É já em Fevereiro, no dia 16, que a editora fundada por Luiz Schwarcz lançará o seu primeiro livro no mercado português: O irmão alemão, o novo romance de Chico Buarque, que até aqui era publicado em Portugal pela editora Dom Quixote, do grupo LeYa.

Com perto de 100 mil exemplares impressos no Brasil, este romance é inspirado numa história real da família de Chico Buarque: o músico descobriu aos 22 anos que tinha um irmão alemão (leia a reportagem com toda a história na Revista 2 do próximo domingo de 25 de Janeiro). O romance terá uma primeira tiragem de 12 mil exemplares em Portugal.

A criação desta chancela, a Companhia das Letras Portugal, trará para o mercado português, segundo o comunicado, nomes consagrados da literatura brasileira, assim como clássicos contemporâneos e novos valores da literatura do Brasil.

Para este ano está programada a publicação de obras de autores da Companhia, como os brasileiros Fernanda Torres, Raphael Montes e Sérgio Rodrigues (Prémio Portugal Telecom de Literatura 2014), assim como os clássicos Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade.

Em Portugal, os novos romances dos escritores portugueses Afonso Cruz e João Tordo e um livro de textos de Ricardo Adolfo, previstos para este ano, sairão também com a chancela Companhia das Letras. E como contraponto, a Companhia das Letras publicará no Brasil uma selecção de autores portugueses. Por exemplo, já neste ano, será publicado o romance A Biografia Involuntária dos Amantes, de João Tordo, autor vencedor do Prémio José Saramago. 

Esta entrada em Portugal de um selo editorial muito poderoso, como o é a brasileira Companhia das Letras, reforça a estratégia para a língua portuguesa e para todo o mundo lusófono do maior grupo editorial mundial, o Penguin Random House. E isso é notório nas palavras de John Makinson citadas neste comunicado: “A criação do selo Companhia das Letras em Portugal é uma extensão natural e desejada da posição preeminente da Companhia no mercado editorial brasileiro. A Companhia não tem par como editora literária no Brasil e dá-nos grande satisfação saber que as suas qualidades e relações literárias e a sua marca de prestígio irão enriquecer a comunidade editorial em Portugal”, diz o chairman da Companhia das Letras, acrescentando que o lançamento desta iniciativa foi planeado em consulta com o Penguin Random House Grupo Editorial em Barcelona, e com a Objetiva, no Rio de Janeiro, e que isto "evidencia a força e o potencial da associação entre a Companhia e a família Penguin Random House em todo o mundo". 

Quando o editor brasileiro Luiz Schwarcz, fundador da Companhia das Letras, foi entrevistado pelo Ípsilon em 2011, respondeu à pergunta sobre se nunca se tinha querido internacionalizar com a afirmação de que o crescimento da editora “foi no sentido da conquista de novos autores” e que já era difícil administrar isso. “Entre contratar autores como Drummond ou Pedro Nava e começar um negócio fora do Brasil, não me sinto muito motivado para o fazer. É mais uma questão de motivação pessoal. De a empresa não ter formado quadros que tenham essa ambição. Mas quem sabe um dia...". Muita coisa mudou e esse dia chegou. "Estou muito feliz! Esta frase tão simples, com todas as exclamações possíveis, é a que mais me atrai para dizer como me sinto. A Companhia agora chega a Portugal, para mostrar um pouco da sua cara, na terra de José Saramago e de tantos escritores que ligaram ainda mais nossos países. E por aqui será um pouco mais portuguesa, com a mesma alegria", afirma no comunicado o fundador da Companhia das Letras.

A um ano de cumprir o 30.º aniversário, a Companhia das Letras - que entretanto foi comprada em parte por um dos maiores grupos editoriais mundiais, a Penguin Random House, que o ano passado comprou também no Brasil ao grupo espanhol Santillana os selos editoriais de obras gerais Objetiva, Alfaguara, Suma de Letras e Fontanar - atravessa o Atlântico para ser a nova chancela literária do Penguin Random House Grupo Editorial em Portugal, que já integra selos como Alfaguara e Objectiva. A parceria acontece oito meses após a entrada em Portugal do Penguin Random House Grupo Editorial, com a aquisição da Editora Objectiva.  

"Desde que trabalho no mundo da edição que a Companhia das Letras é uma referência: pelo critério, pelo arrojo, pelo bom gosto. Sobretudo, pelo excelente catálogo brasileiro e internacional que soube construir, sob a direcção de Luiz Schwarcz. Poder trabalhar com uma chancela de tal prestígio é um sonho e uma responsabilidade. E também uma oportunidade para autores da língua portuguesa de terem uma casa nos dois lados do Atlântico. Inaugurar a Companhia das Letras em Portugal com a obra de Chico Buarque é abrir com chave de ouro", declara, no comunicado, Clara Capitão, a directora do Penguin Random House Grupo Editorial Portugal.

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