Ponte da Galp está pronta há meses mas continua sem data para abrir

Câmara e Galp não explicam os motivos do protelamento da entrada em serviço de uma infra-estrutura polémica que, com os acessos, custou mais de 1,5 milhões de euros

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A ponte, que já está pintada de laranja, a cor da Galp, situa-se junto à sede do grupo petrolífero, nas Torres de Lisboa João SIlva

Apresentada publicamente como uma obra que vem minimizar os problemas de mobilidade dos peões e ciclistas que circulam entre Telheiras e a zona das Torres de Lisboa, a ponte ciclopedonal ali erguida pela Galp e pela Câmara de Lisboa está pronta há cerca de sete meses sem ter sido ainda aberta ao público.

Residentes na zona têm-se interrogado, nomeadamente nas redes sociais, sobre o facto de a obra não ter sido ainda inaugurada, mas as respostas da câmara e da Galp têm sido inconclusivas. Nem uma nem outra explicam claramente o que é que impede a abertura do viaduto, tal como não indicam uma data para a sua entrada em funcionamento.

No dia 27 de Julho do ano passado a Galp, tornou público que o empreendimento, financiado em 900 mil euros pela Lisboagás e em 465 mil pelo município, estava pronto já “há algum tempo”, aguardando-se apenas que fossem “assegurados alguns acabamentos finais”. De então para cá foi feito o arranjo paisagístico da zona envolvente, que implicou a mobilização de numerosos trabalhadores durante alguns fins-de-semana de Setembro e Outubro, e nada mais aconteceu.

Em resposta a perguntas da oposição, o vereador José Sá Fernandes afirmou em Novembro que a inauguração estava dependente apenas da resolução de “quatro ou cinco problemas” por parte do empreiteiro, tais como “um varão numa descida” e “um arranjo em parte do piso”. O autarca acrescentou que a abertura ao público estava “iminente”. Nessa ocasião também já estavam concluídos os acessos aos quatro braços da ponte e um troço de 727 metros de ciclovia que custou cerca de 260 mil euros e liga as Torres de Lisboa à ciclovia que passa por cima da Segunda Circular junto ao Colégio Alemão.

Entretanto, circularam informações de que um dos problemas que estaria na origem deste impasse se prende com dúvidas sobre a obrigatoriedade de montar vedações laterais por cima dos bordo da ponte, para impedir o arremesso de objectos para a Segunda Circular, mas nem a Galp nem a câmara confirmam esta versão. As duas passagens pedonais e cicláveis existentes a poucas centenas de metros sobre a mesma via rápida dispõem de vedações laterais de rede.

Fontes da Galp referem que há ainda negociações em curso com o empreiteiro, para que este se comprometa a resolver posteriormente alguns problemas que subsistem, mas que não impedem a utilização da enorme estrutura em betão, com a forma de um H. Oficialmente, porém, a empresa diz apenas que “a ponte pedonal e ciclável sobre a Segunda circular está praticamente concluída, faltando acertar aspectos documentais técnicos para se proceder à respectiva abertura” ao público. “Esperamos que esta ocorra tão depressa quanto possível”, acrescenta o porta-voz da empresa.

Já a câmara, através do assessor de imprensa de Sá Fernandes, afirma que “todas as questões que era necessário ultrapassar estão ultrapassadas”, mas não avança nenhuma explicação concreta para a actual situação. “A obra ainda não foi recebida pelo município” e continua sob a alçada da Galp, diz a mesma fonte, assegurando que a sua recepção e a respectiva abertura terão lugar “muito em breve”.

A construção desta infra-estrutura, cuja utilidade, dimensões e custo têm suscitado algumas dúvidas, foi anunciada por António Costa em 2009, na sequência da assinatura de um protocolo entre a autarquia e a Fundação Galp Energia. Nessa altura previa-se que a obra ficasse concluída em Outubro de 2010. O projecto, contudo, foi apresentado apenas em Setembro de 2011.

Ficou-se então a saber que o investimento necessário seria de 1,2 milhões de euros, integralmente suportados pela Fundação Galp Energia, e que os trabalhos ficariam concluídos na Primavera de 2012. Na apresentação do projecto do gabinete de arquitectura MXT, António Costa referiu-se a ele como um futuro “ícone” de Lisboa e “o primeiro passo para a humanização da Segunda Circular”.

Mais tarde, em Março de 2013, a câmara assinou um novo acordo com o grupo Galp, o qual revogou o protocolo de 2009 e atribuiu à Lisboagás o papel de mecenas e responsável pela obra que antes cabia à Fundação Galp Energia. A diferença é que ela já não custava 1,2 milhões de euros, mas sim 1,365, e a Lisboagás apenas pagaria 900 mil. Os restantes 465 mil ficavam a cargo do município e o prazo de execução ficava mais uma vez adiado, agora para o dia 4 de Setembro de 2013.

As obras tiveram de facto início logo a seguir, em Abril de 2013, arrastando-se a sua conclusão até ao Verão de 2014. A ponte, que já está pintada de laranja, a cor da Galp, situa-se junto à sede do grupo petrolífero, nas Torres de Lisboa.

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