Francês suspeito de ligações a irmãos Kouachi detido na Bulgária

Fritz-Joly Joachin foi detectado quando tentava entrar na Síria, juntamente com o filho de três anos, dias antes dos ataques.

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Fritz-Joly Joachin nega ligações a grupos radicais Bulphoto Agency/Reuters

A Bulgária anunciou que um cidadão francês detido no primeiro dia do ano, quando tentava atravessar a fronteira com a Turquia, é suspeito de ligações a Chérif Kouachi, um dos extremistas que atacaram o semanário satírico Charlie Hebdo. A imprensa adianta, entretanto, que o homem que acompanha a namorada de outro dos atacantes de Paris na viagem para a Turquia era já conhecido dos serviços secretos.

Fritz-Joly Joachin, de origem haitiana e convertido há mais de uma década ao islamismo, foi detido ao abrigo de um mandado de captura emitido depois de a sua ex-mulher o ter acusado do sequestro do filho de ambos, de três anos. Assegurava que Joachin pretendia juntar-se aos jihadistas na Síria e educar a criança segundo os princípios do islão radical. O cidadão francês foi detido a bordo de um autocarro que se dirigia para a fronteira turca e o filho foi entretanto entregue à mãe, em França.

A procuradora de Haskovo, no Sul da Bulgária, revelou nesta terça-feira que foi emitido um novo mandado de captura europeu que acusa o francês de “participação num grupo criminoso armado cujo objectivo era a organização de actos terroristas”. Darina Slavova acrescenta que “antes da sua partida para a Turquia, a 30 de Dezembro, o detido esteve várias vezes em contacto com um dos dois irmãos” Kouachi, que no passado dia 7 mataram 12 pessoas no ataque ao Charlie.

As investigações aos atentados da semana passada estão ainda na fase inicial, mas as autoridades francesas acreditam que haverá outras pessoas implicadas na preparação dos ataques, estando a investigar a rede de contactos quer de Chérif e Said Kouachi, quer de Amedy Coulibaly, o extremista que matou uma agente da polícia num subúrbio a sul de Paris, na quinta-feira, e quatro reféns durante um sequestro numa mercearia kosher no Leste da capital.

Segundo a sua ex-mulher, Joachin radicalizou-se nos últimos dois anos, ao ponto de querer juntar-se aos extremistas que combatem o regime de Bashar al-Assad na Síria. Mas, ao ser detido, o francês assegurou que não era “nem radical nem terrorista” e que planeava passar uma semana de férias com a namorada turca e o filho antes de regressar a Paris. A procuradoria búlgara adiantou que Joachin aceitou ser extraditado para França, o que deverá agilizar o processo.

Companheiro de viagem de Boumeddiene era conhecido das secretas
Já na Síria está Hayat Boumeddiene, a namorada de Coulibaly que as autoridades francesas procuram por ligação aos ataques. No mesmo dia em que o Governo turco confirmou que Boumeddiene chegou a Istambul no dia 2, o canal de televisão Habertürk divulgou imagens das câmaras de vigilância com o que será a chegada de Boumeddiene ao aeroporto. Nas imagens surge acompanhada por um homem, de barba e cabelos compridos apanhados, que foi identificado como Mehdi Belhoucine, um cidadão francês de 23 anos.

Segundo o jornal Le Monde, o jovem foi visado num inquérito a uma fileira de recrutamento de combatentes para o Afeganistão da qual fazia parte um irmão mais velho, detido em 2010 e condenado no ano passado a dois anos de prisão.

Na altura das investigações, Mehdi foi interrogado pela polícia e disse estar “particularmente preocupado com a situação” no Afeganistão, onde na altura mais de cem mil soldados estrangeiros lideravam o combate aos taliban, mas também com o sofrimento dos muçulmanos na Palestina, Somália e Tchetchénia. “Pensei deslocar-me a um destes países, mas não necessariamente para pegar em armas”, terá dito, acrescentando que a sua prioridade era envolver-se na “ajuda humanitária”, “mesmo que pudesse ser instigado a pegar em armas”. Acabaria por não ser levado a julgamento, acrescenta o Le Monde.

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