Miguel Gonçalves Mendes inicia viagem pelo mundo para filme "O sentido da vida"

Documentário é uma espécie de "cápsula temporal" sobre o ser humano e a actualidade. Deve estrear-se nos cinemas em 2017

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Enric Vives-Rubio

O realizador Miguel Gonçalves Mendes iniciou esta segunda-feira o caminho para Cochim, Índia, para uma viagem de nove meses pelo mundo para rodar o documentário "O sentido da vida", uma espécie de "cápsula temporal" sobre o ser humano e a actualidade. No cais de Santa Apolónia, em Lisboa, horas antes de partir, no domingo, num navio rumo à Índia, Miguel Gonçalves Mendes gravou alguns planos com um dos protagonistas do documentário, Giovane Brisotto, brasileiro, de 28 anos e portador de paramiloidose familiar, conhecida como "doença dos pezinhos".

Giovane Brisotto, Miguel Gonçalves Mendes e uma pequena equipa técnica embarcaram numa volta ao mundo, sem recursos a aviões, para filmar "o percurso que se supõe dos portugueses que disseminaram a doença [paramiloidose familiar] pelo globo há 500 anos", explicou o realizador à agência Lusa. O realizador está há pelo menos dois anos a preparar este documentário. Giovane é quem guia a narrativa pelo mundo e quem se cruza com personalidades que, no conjunto, o ajudarão a descobrir o sentido da vida.

Antes desta viagem, já foram feitas filmagens em vários países, com algumas das personalidades já confirmadas: o escritor Valter Hugo Mãe, o músico islandês Hilmar Orn Hilmarsson, a figurinista japonesa Emi Wada e o juíz espanhol Baltazar Garzón. Em Setembro contará com a participação do astronauta dinamarquês Andreas Morgensen, de partida para a Estação Espacial Internacional. Entre as personalidades convidadas, mas ainda por confirmar, estão a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o papa Francisco.

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Maria João Gala

No filme, Giovane Brissotto representa o cidadão comum, enquanto as personalidades representam os "novos heróis da contemporaneidade, mas tão humanos" como qualquer um. Segundo Miguel Gonçalves Mendes, o motor base de "O sentido da vida" é o factor doença, como elemento determinante de mudança de alguém, que tem "uma espécie de desejo de vida, de urgência de viver, e de adquirir um saber de viver compacto".

"Achámos que a paramiloidose familiar era a que nos permitia mais camadas narrativas e uma ligação a Portugal, ao Brasil e a um questionar, em termos de história da Humanidade e da globalização, de alguém que é uma espécie de espelho... O Giovane tem uma doença que não é do país dele, fomos nós que deixámos há 500 anos", sublinhou Miguel Gonçalves Mendes.

Para Giovanne Brissotto, engenheiro cartógrafo de formação, esta é uma estreia absoluta no cinema. Conheceu Miguel Gonçalves Mendes no Brasil e "topou participar" no filme. Apesar do ar frágil, tímido e discreto, Giovane Brissotto contou à agência Lusa que tem expectativas em relação à viagem: "É tudo novo para mim. Estou começando a me acostumar, todo o mundo olhando, as câmaras. Pelo lado bom, estou conhecendo outros lugares. Nunca tinha vindo a Portugal e nunca pensei que um dia iria para a Ásia".

Em nove meses, a equipa de rodagem fará cerca de 56 mil quilómetros, com paragem, por exemplo, no Egipto, Índia, Nepal, Camboja, Vietname, China, Japão, Estados Unidos, Patagónia (Chile) e Pólo Sul. Com um orçamento de cerca de 1,5 milhões de euros, "O sentido da vida" conta com co-produção da O2 Filmes, produtora do realizador brasileiro Fernando Meirelles.

Miguel Gonçalves Mendes avançou para este projecto - que só deverá chegar aos cinemas em 2017 - depois de ter feito o documentário "José & Pilar". Da filmografia fazem parte ainda filmes como "Autografia" (2004), "Floripes" (2007) e a série "Nada tenho de meu". Miguel Gonçalves Mendes tem ainda em carteira a adaptação para cinema de "O evangelho segundo Jesus Cristo", de José Saramago.

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