O Império do Sol contra-ataca

A mediania anónima e tarefeira do filme é reconfortantemente modesta e justifica continuar de olho na Angelina realizadora.

i-video
Trailer Invencível

Angelina Jolie não é apenas uma diva de Hollywood a brincar aos cineastas – basta ver os primeiros 20 minutos de Invencível, que capturam com apreciável e elegante desenvoltura uma missão a bordo de um bombardeiro americano, para perceber que a actriz tem olho e tem jeito atrás da câmara.

Mais assinalável ainda é que, para a sua segunda realização depois do pouco visto Na Terra de Sangue e Mel (2011), ela se atire sem pruridos a uma história essencialmente masculina: as provações verídicas do corredor olímpico americano Louie Zamperini no teatro do Pacífico da II Guerra Mundial, que morreu pouco depois de Jolie completar as filmagens. 

É pena, por isso, que a actriz-tornada-realizadora não arrisque mais e passe o filme todo a oscilar entre o melodrama de guerra do Império do Sol de Spielberg ou os subterrâneos culturais do Feliz Natal Mr. Lawrence de Oshima, sem nunca escolher ao certo por onde quer ir nem demarcar uma personalidade própria. Invencível encaixa sem problemas naquela gaveta do filme edificante de prestígio de que Hollywood só parece gostar na época dos Óscares, e parece não ter realmente ambição para mais do que isso, mesmo que a espaços se entrevenha um outro, e mais entusiasmante, resultado. Mas a sua mediania anónima e tarefeira é reconfortantemente modesta e justifica continuar de olho na Angelina realizadora.

 

Sugerir correcção
Comentar