A Taschen saiu da livraria e entrou na galeria

Exposição inaugural do novo espaço da editora em Los Angeles é inteiramente dedicada aos Rolling Stones.

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Várias fotografias de David Bailey documentam a carreira da banda britânica na nova galeria da Taschen em Los Angeles

A Taschen, célebre pelos seus livros de arte para o grande público e pelas suas limitadíssimas edições de luxo, abriu a sua primeira galeria. Morada: 8070 Beverly Boulevard, Los Angeles. Primeira exposição: The Rolling Stones.

Optar pela banda britânica nesta mostra inaugural garante um paralelo imediato entre a editora e a galeria, como se o nome Taschen não bastasse. É que a chancela lançou recentemente um álbum de 500 páginas que acompanha a carreira de 50 anos desta formação icónica, com muitas fotografias de David Bailey (n. 1938), cuja fama no universo artístico da Londres dos anos 1960 chegava a rivalizar com a dos cantores, modelos e actores que fotografava para algumas das mais prestigiadas publicações de música, cinema e moda.

“Ele é um dos grandes fotógrafos do século XX”, disse Benedikt Taschen, fundador da casa de edição, citado pela revista Hollywood Reporter, justificando o destaque dado ao trabalho de Bailey nesta primeira exposição. “As suas fotografias dos Stones são verdadeiramente marcantes”, acrescentou, lembrando ainda que o britânico é o homem que inspirou o protagonista de Blow-Up (1966), do realizador italiano Michelangelo Antonioni.

Bailey, 76 anos, que compareceu à inauguração e parece apostado em minorar o seu papel, garantiu ao jornal LA Times que eram apenas “rapazes a divertirem-se” e que aquele (a década de 60, sobretudo) foi um período “fantástico porque todos estavam dispostos a arriscar, porque ninguém tinha nada a perder”.

O fotógrafo, ainda no activo, conhecia Mick Jagger há já muito tempo quando começou a fotografar a banda, algo que faz até hoje. Reconhece que os seus membros têm uma capacidade invulgar para compreender a imagem e que talvez por isso se tenham habituado a atrair grandes fotógrafos como Ethan Russell, Gered Mankowitz, Dominique Tarlé, Anton Corbijn, Guy Webster, Annie Leibovitz ou Robert Frank, muitos deles com trabalhos na nova galeria da Taschen.

Entre as fotografias-ícone que Bailey fez dos Stones está a que viria a servir de base à capa do álbum Goats Head Soup, em que os Stones aparecem em tronco nu, com a cabeça coberta por véus que deixam quem vê adivinhar-lhes o rosto. Quando Bailey lhes propôs que se deixassem fotografar assim, Mick Jagger resistiu, lembrou o fotógrafo ao LA Times, rindo-se: “Eu disse-lhe que queria que ele ficasse parecido com a Katharine Hepburn no filme A Rainha Africana. E o Mick achou que eu estava a falar da Audrey Hepburn.”

Sem qualquer tipo de nostalgia, o fotógrafo diz ao diário espanhol ABC que quando está numa sessão com os Stones está entre amigos e que, por isso, não há regras a cumprir. Isto talvez explique o livre acesso que tem aos bastidores e a descontracção com que os “modelos” se relacionam com a sua câmara, visível nas imagens de palco e nas fotografias mais intimistas.

Para já Benedikt Taschen, que tem 11 livrarias a seu cargo além da bem sucedida editora, não tem projectos para abrir mais galerias, mas não afasta essa possibilidade. Ainda sem planos definidos para as próximas exposições, o fundador da empresa alemã garante que gostaria de levar a Los Angeles mostras sobre surf, arquitectura, moda, cultura pop, sexo e cinema, temas habituais no seu portfólio de publicações. 

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