Cartas à Directora

Carlos Renato Matos Ferreira

Há pessoas boas que servem discretamente o bem comum, trabalham seriamente, prosseguem causas sem jeito para protagonismo excessivo e, talvez por isso, não temem defender objectivos em que acreditam mas sabem não poder ganhar contra ventos dominantes: foi contra a fusão da Universidade Técnica com a de Lisboa; defendeu que o Técnico ganhasse mais responsabilidade e autonomia adoptando o modelo das fundações universitárias.

Dirigiu a Sociedade Portuguesa de Física. Durante alguns anos coordenou a avaliação internacional das instituições de investigação dessa área, garantindo o que hoje se descobre, com tristeza, nunca estar garantido: que uma avaliação profissional exige respeito e confiança mútuos, e avaliadores verdadeiramente competentes nos domínios científicos a avaliar.

O nome de Carlos Matos Ferreira (físico, investigador, professor do Instituto Superior Técnico, de que foi presidente)fica, no mundo académico e científico português, como exemplo íntegro, antigo, de virtudes cívicas.

Éramos colegas e éramos amigos.

José Mariano Gago, Lisboa

 

O ano de Modiano

O ano de 2014 foi o da consagração de Patrick Modiano. O Prémio Nobel da Literatura foi para o autor de O Horizonte, enquanto Lobo Antunes, o eterno candidato ao prémio, era homenageado na Roménia. Os papas João Paulo II e João XXIII foram canonizados. A boa nova chega das américas: os EUA e Cuba anunciam relações bilaterais após 56 anos de costas voltadas. Em Portugal, o Tribunal Constitucional obriga à restituição das reduções salariais da função pública a partir de 2016. A emigração continua em grande! Fernando Tordo ruma a terras de Vera Cruz, afirmando estar cansado de “ser governado por incompetentes”. As notícias são como os feijões! O estado americano do Colorado legaliza a marijuana e Daniel Sousa é nomeado para um óscar com uma curta-metragem de animação. Espírito Santo é nome de família caído no inferno. Quem diria! Limitamos a nossa existência a um ramo da cultura em decadência. Enterramos os mortos em locais apropriados com visitas marcadas, enquanto tribos índias enterram os falecidos sob as tendas. Limitamos a nossa inocência a todas as razões da moral imposta. Com o ano a terminar, o Novo Banco proclama solidez ao anunciar “nascer com mais de dois milhões de clientes é um bom começo”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 
O PÚBLICO ERROU

Na edição de ontem, na entrevista ao secretário de Estado do Desenvolvimento Regional (páginas 14 e 15), a frase “Mas a liderança [do PS] hoje já não é a mesma” deveria estar assinalada a negrito, porque se trata de uma frase do jornalista e não do entrevistado. Ao visado e aos leitores, as nossas desculpas

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