Ameaça à UE

Dez mil alemães protestaram não só contra o jihadismo, mas contra o sistema, a burocracia.

Há dias Ramalho Eanes falou da democracia em Portugal e na UE. Cavaco já citou a desconfiança do cidadão nas instituições. Bruxelas teme que os juros aumentem.

Casos julgados com anos de atraso, como os da Casa Pia e Oeiras, com penas brandas ou suspensas, denigrem o sistema. Opacidades são há muito conhecidas, como as do BPN, BES, Alcochete.

A lei anticorrupção, com fim do sigilo bancário quando houver indícios gravosos, parou. A de travar a promiscuidade entre os poderes e impedir que políticos possam actuar em grandes empresas após o mandato foi travada.

Enquanto se pede ao povo enormes sacrifícios para pagar uma dívida que ele não assumiu e que a ele não beneficiou, auferem os políticos, administradores de oligopólios e alguns juízes benefícios impensáveis sequer na Alemanha. Estima-se que nos últimos dez anos saíram de Portugal para paraísos fiscais 79 mil milhões, mais do que a troika nos trouxe.

Os políticos lusos aceitaram as condições da troika sem negociar; foram pouco depois nomeados para altos cargos em oligopólios promovidos pela troika.

Cada vez mais portugueses apoiam o brado que os estrangeiros há muito clamam de uma alternativa ao euro. O livro Portugal pós-Troika foi debatido em Estocolmo com o ex-CEO da Fundação Nobel Michael Sohlman. Há um movimento contra a UE não só lá e no Reino Unido. O escândalo das corporações lusas registadas em Luxemburgo ou Holanda para nada ou pouco pagar é imoral e chegou ao mais alto nível da UE.

O voto nos extremistas em toda a UE e a tendência para o Podemos, em Espanha, indicam um descrédito no sistema.

Eanes acredita que o atual sistema vai permitir realizar as boas intenções de uns poucos. Como eu disse no Prós e Contras, quando a E-volução não chega a tempo, vem a RE-volução. Já começou em Atenas, Milão e Paris. Ainda temos uns meses. SIM, PODEMOS!

Consultor internacional, autor dos livros Como Sair da Crise e do bilingue Portugal pós-Troika

 

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