Luz emitida por dispositivos de leitura pode ser prejudicial à saúde

A luz proveniente desses dispositivos diminui os níveis de melatonina, uma hormona produzida durante o sono que ajuda o indivíduo a dormir

Foto
Kena Betancur/Reuters

De acordo com um estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", os livros electrónicos, quando usados nas horas antes de deitar, podem causar impacto negativo na saúde geral, no estado de alerta e no relógio circadiano que sincroniza o ritmo diário.

"Descobrimos que quando os leitores usam um dispositivo emissor de luz antes de dormir se tornam menos sonolentos, demoram mais tempo para adormecer e sentem-se mais cansados na manhã seguinte", explica ao Ciência 2.0 Anne-Marie Chang, investigadora da Pennsylvania State University e uma das responsáveis pelo estudo.

A especialista acrescenta que a luz proveniente desses dispositivos diminui os níveis de melatonina, uma hormona produzida durante o sono que ajuda o indivíduo a dormir. "Dada a evidência recente que liga a supressão crónica de secreção de melatonina pela exposição à luz nocturna com o aumento do risco de cancro de mama, colo-retal e da próstata, devemos ter muita atenção no uso destes aparelhos eletrónicos", salienta.

O estudo envolveu 12 participantes, que leram livros electrónicos durante quatro horas, em cinco noites consecutivas. A experiência repetiu-se, de seguida, com a leitura de livros impressos.

"Nos últimos 50 anos tem havido um declínio na média da duração do sono e na qualidade do mesmo", afirmou em comunicado Charles Czeisler, outro dos autores do estudo. O especialista alerta para perdas significativas de sono em crianças e adolescentes, que cada vez mais escolhem dispositivos eletrónicos de leitura, comunicação e entretenimento. "É uma necessidade urgente avaliar as consequências a longo prazo do uso destes dispositivos", adverte.

Com esta investigação, Anne-Marie Chang espera que sejam desenvolvidas tecnologias que não tenham os efeitos negativos apontados no estudo, ou os minimizem. A investigadora dá o exemplo do software livre f.lux, que faz com que a cor do ecrã dos dispositivos se adapte à luz do dia e da noite.

Sugerir correcção
Comentar