Dezenas de anónimos querem enviar presentes de Natal a Sócrates

Motorista João Perna deve sair esta terça-feira da cadeia. Serviços prisionais fizeram esta segunda-feira a inspecção à habitação do arguido e parecer deve estar pronto ao final da manhã

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O escritório do advogado de José Sócrates, João Araújo, tem recebido dezenas de contactos de cidadãos anónimos que querem enviar presentes de Natal ao ex-primeiro-ministro. Contudo, o defensor tem recusado ser intermediário de ofertas de anónimos, adiantou ao PÚBLICO fonte da defesa.

Sócrates vai passar o Natal na cadeia, mas já avisou a família que não quer recebê-los. O antigo governante quer poupar os filhos e a mãe à imagem de o verem na prisão, uma situação que acredita não se manterá por pouco tempo, afirmou a mesma fonte. Esta segunda-feira, João Araújo voltou à cadeia de Évora e à tarde foi a vez de João Soares visitar o ex-primeiro-ministro.

Um Natal diferente deverá ter o seu motorista, João Perna, que está preso preventivamente há um mês no estabelecimento prisional anexo à sede da PJ, em Lisboa, indiciado pelos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e posse ilegal de arma.

Técnicos da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais estiveram esta segunda-feira na habitação de João Perna, no Samouco, concelho de Alcochete, para avaliar se a residência tem as condições necessárias para que o arguido fique em prisão domiciliária com pulseira electrónica. O relatório dos serviços prisionais deverá ser entregue ao juiz Carlos Alexandre até ao início da tarde desta terça-feira e, se o mesmo for positivo (como tudo indica), caberá ao juiz ordenar a libertação de Perna. Tal poderá ocorrer ainda esta terça-feira.

Os serviços prisionais receberam na sexta-feira passada o despacho de Carlos Alexandre para se pronunciarem sobre as condições existentes na habitação. Em casos comuns, os técnicos têm cinco dias para emitir o parecer, mas fonte dos serviços prisionais garantiu que o processo foi considerado urgente face à proximidade do Natal.

Esta segunda-feira, o advogado de José Sócrates voltou a negar que alguma vez o carro do ex-primeiro-ministro tenha ido a Paris, conduzido pelo motorista, para lhe ir levar dinheiro. “Não foi, não foi”, repetiu incessantemente e com ar irritado o advogado aos jornalistas que o esperavam à porta da prisão de Évora.

“Reitero que o carro do engenheiro José Sócrates nunca passou de Espanha. É uma mentira [que tenha ido a Paris]”, vincou João Araújo quando questionado pelos jornalistas. “Tudo o que têm contra ele são aldrabices. Provas? Nenhumas. Factos? Nenhuns.”

João Araújo não gostou de ser questionado sobre as declarações do advogado de João Perna, que terá admitido algumas viagens num segundo interrogatório. “Eu não sou desmentido por advogados; eu não vi nenhum desmentido de nenhum advogado. Vi o que vocês [jornalistas] disseram que o advogado de Aveiro disse. Uma aldrabice”, desabafou. Quando questionado sobre se o carro foi ou não a Paris, retorquiu: “Mas o que é que as pessoas têm a ver com uma coisa que não interessa rigorosamente nada? Não foi. Já lhe disse que não foi, não foi. E quem disser o contrário está a mentir.”

Contactado pelo PÚBLICO, o advogado de Perna, Ricardo Candeias, afirmou não ter desmentido o colega, mas recusou dizer se de facto o carro de Sócrates nunca passou de Espanha. “O que confirmei na entrevista à RTP foi que o meu cliente tinha saído de Portugal no carro de serviço. Nunca falei em qualquer destino”, referiu. Sobre a veracidade ou falsidade da informação prestada por João Araújo, Ricardo Candeias comentou: “Este não é um momento oportuno para me pronunciar sobre isso”. 

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