Daniel Barenboim interrompe recital no Scala de Milão

Pianista interpretou a integral das sonatas de Schubert em simultâneo com a direcção musical da ópera Fidelio de Beethoven.

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O maestro Daniel Barenboim vai cumprir a última temporada à frente do La Scala de Milão Maxi Failla/AFP

O pianista e maestro argentino Daniel Barenboim viu-se obrigado a interromper, na noite desta segunda-feira, o recital que estava a fazer no Teatro Scala de Milão para repreender uma espectadora que não parava de o fotografar com flash.

“Quem faz fotografias [numa situação destas] é mal-educado”, protestou o pianista dirigindo-se expressamente a uma espectadora perto do palco, que repetidamente o incomodava com o flash da sua câmara.

Barenboim estava a iniciar o quarto e último recital da integral das sonatas para piano de Franz Schubert, um programa que tinha iniciado a 3 de Dezembro naquele que é o mais famoso palco musical de Itália e um dos mais mediáticos em todo o mundo.

Segundo o relato que a AFP faz do episódio, citando também a agência italiana AGI, a mesma espectadora vinha já perturbando o trabalho do pianista nos outros recitais (acontecidos também nos dias 12 e 15). “Madame, eu esforço-me por dar o meu melhor, mas você não está a respeitar o meu trabalho. Já lho disse nos outros concertos, a primeira vez em tom de brincadeira, mas agora falo a sério”, protestou Barenboim, repetindo que todos aqueles que fazem fotografias durante os concertos “são mal-educados”. O público aplaudiu energicamente a atitude do pianista e maestro, e este retomou a execução da Sonata D 845, completando depois o programa com a Sonata D 960.

A integral das sonatas de Schubert é um programa que Barenboim recentemente gravou para a Deutsche Grammophon, e que agora executou no Scala em paralelo com a direcção musical da ópera Fidelio, de Beethoven, estreada no teatro de Milão no dia 7 de Dezembro (mantendo-se em cena até esta terça-feira, dia 23), a abrir a nova temporada da instituição. Esta produção marca também a última temporada de Daniel Barenboim como director musical do Scala, ao mesmo tempo que assinala a entrada em funções do seu novo director artístico, o austríaco Alexander Pereira, vindo do Festival de Salzburgo.

Na noite da estreia de Fidelio, Barenboim foi presenteado com uma ovação de 13 minutos, mas no exterior do Scala uma ruidosa manifestação chamava a atenção para o contraste entre a crise económica e social que a Itália atravessa e a plateia recheada de espectadores ricos que saíam do teatro.

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