Aos gritos de "Alla’hu Akbar", condutor atropela 11 pessoas em Dijon

Autoridades afirmam que atacante, de 40 anos, terá problemas mentais. Incidente acontece dois dias depois de ataque a uma esquadra na região de Tours.

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O carro conduzido pelo atacante avançou por cinco vezes contra peões, antes de ser barrado pela polícia Arnaud Finistre/AFP

Um homem, que as autoridades dizem ter problemas mentais, atropelou intencionalmente 11 pessoas na noite de domingo em vários locais da cidade francesa de Dijon. Testemunhas contam que terá gritado várias vezes “Alla’hu Akbar” (Deus é grande, em árabe), antes de ser detido pela polícia.

Tudo começou por volta das 20h (19h em Portugal continental), quando um Renault Clio galgou passeios de várias ruas no centro da cidade. “Vi o carro atropelar os peões, que se encontravam numa pequena esquina […]. As pessoas voaram como marionetas e apercebi-me que não se tratava de um acidente comum, que tinha sido propositado”, disse uma testemunha ao jornal regional L’Est Républicain. A cena repetiu-se outras quatro vezes na meia hora seguinte, até que o automóvel foi parado após perseguição policial e o condutor detido, aparentemente sem oferecer resistência. Das 11 pessoas atingidas, duas sofreram ferimentos graves, mas não correm risco de vida.

Uma fonte envolvida nas investigações, citada pela agência AFP, adianta que o homem, de 40 anos, era conhecido da polícia desde 1990 por delitos de direito comum. “Para já, as suas reivindicações permanecem vagas”, adiantou o mesmo responsável, acrescentando que o homem, que vai ficar detido preventivamente, “tem um perfil de desequilíbrio e vai ser seguido num hospital psiquiátrico.

Segundo testemunhos recolhidos pela polícia, o atacante, de barba e vestido com a tradicional túnica árabe, terá dito que “agia pelas crianças da Palestina” e gritou várias vezes “Alla’hu Akbar”, expressão da fé muçulmana que é muitas vezes usada como exaltação.

A mesma frase terá sido dita pelo jovem de 20 anos que no sábado entrou numa esquadra da polícia na cidade de Joué-lès-Tours, um subúrbio de Tours, no centro de França, golpeando com uma faca três agentes, antes de ser morto a tiro. O Ministério Público suspeita que o crime estará associado ao islamismo radical.

De acordo com as primeiras investigações, Bertrand Nzohabonayo, nascido no Burundi e convertido ao islamismo, “era apenas conhecido das autoridades por delitos comuns”, mas um irmão tinha já sido sinalizado por posições radicais e há informações de que teria chegado a ponderar viajar para a Síria. Segundo o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, o jovem terá “há alguns dias” dado ele próprio sinais de radicalização ao colocar na sua página do Facebook um estandarte do Estado Islâmico, grupo extremista que se apoderou de largas porções do Iraque e da Síria e continua a atrair jihadistas de várias partes do mundo para o seu autoproclamado califado.

Paris calcula que mais de 1200 cidadãos franceses aderiram às fileiras dos jihadistas ou têm planos para se juntar ao grupo e, à semelhança de outros governos árabes e europeus, teme que muitos dos radicalizados optem por lançar ataques no país. Usando a sua profissionalizada máquina de propaganda, o EI exorta os seus seguidores a usar todos os meios para atacarem “infiéis” nos seus territórios e França foi um dos primeiros países a confirmar o risco colocado por estes “lobos solitários”.

Em Maio, Mehdi Nemmouche, um francês que terá combatido durante um ano ao lado dos radicais na Síria, matou quatro pessoas no Museu Judaico de Bruxelas, na vizinha Bélgica. Um ano antes, um outro radicalizado esfaqueou um soldado no centro financeiro de La Défense, em Paris. E em 2012, Mohamed Merah, um jovem de origem argelina que afirmava ter recebido treino da Al-Qaeda no Paquistão, matou sete pessoas em Toulouse, incluindo três crianças e um adulto junto a uma escola judaica.

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