Acordo de Lima compromete todos os países a reduzir emissões para combater o aquecimento global

A China é actualmente o maior emissor de gases à frente dos EUA, União Europeia e da Índia. Os 190 países reunidos no Peru discutiram medidas ambientais para proteger o planeta por mais 25 anos.

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O novo acordo global para o combate às alterações climáticas foi fechado já no tempo-extra da 20ª conferência promovida pela Organização das Nações Unidas em Lima, no Peru, mas nem por isso deixará de ser histórico: pela primeira vez, todos os países participantes comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa.

“Saímos de Lima com um acordo verdadeiramente global, no sentido em que será aplicado por todos”, sublinhou o secretário britânico para a Energia e Alterações Climáticas, Ed Davey, ao The Guardian. O compromisso obriga países como a China, o maior emissor do mundo, ou ainda a Índia, o Brasil e outras economias emergentes, a integrar o bloco das nações mais industrializadas em termos de redução de emissões.

Além disso, o acordo prevê que sejam os países industrializados a assumir o protagonismo no financiamento do chamado Fundo Verde, que a partir de 2020 distribuirá 100 mil milhões de dólares por ano para apoiar o desenvolvimento sustentável  e corrigir os impactos do aquecimento global nos países mais vulneráveis  .

Depois de uma maratona negocial que obrigou a prolongar os trabalhos pelo fim-de-semana (quando estava previsto terminarem na sexta-feira), e de um braço-de-ferro entre os chamados países ricos e pobres por causa das ajudas económicas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o facto de se ter chegado a acordo foi reputado como grande sucesso. A anterior cimeira, realizada em Copenhaga em 2009, terminou em fracasso.

"Acordo final é muito fraco”
Ainda assim, o compromisso final foi já alvo de várias críticas das organizações não-governamentais que exigiam uma resposta mais robusta da comunidade internacional ao desafio do aquecimento global: “O rascunho foi sucessivamente enfraquecido e o acordo final é muito fraco”, lamentou o director de política climática do grupo Ambientalista WWF, Sam Smith, citado pela BBC.

O impasse das negociações, e a tensão entre os vários participantes, obrigou à apresentação de uma proposta final de compromisso, que os 194 países estiveram a apreciar e emendar antes de submeter a um voto final. “Como texto final, não é perfeito, mas inclui as posições de todas as partes”, resumiu o ministro peruano do Ambiente, Manuel Pulgar-Vidal, ao anunciar a aprovação do acordo e o encerramento dos trabalhos. “Não podíamos sair daqui de mãos vazias”, congratulou-se o anfitrião da conferência.

O documento firmado em Lima servirá de base ao novo tratado climático internacional, que substituirá o já ultrapassado protocolo de Quioto, e será assinado na próxima convenção das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, no próximo ano em Paris. Antes disso, os países ficaram de apresentar à ONU as respectivas metas – “quantificáveis, ambiciosas e justas” – de redução de gases tóxicos para a atmosfera, bem como detalhar as acções que vão encetar para cumprir esses objectivos.

Mas a resolução de outras questões cuja discordância entre os participantes era inultrapassável teve de ficar adiada para o encontro de 2015. “Este é um bom documento para preparar o caminho para Paris”, considerou o comissário europeu para a Energia e Clima, Miguel Arias Cañete, que espera que as diferentes posições possam ser concertadas até lá.

A urgência de um novo acordo para travar o aquecimento global foi sublinhada pelos peritos do painel inter-governamental. Desde o arranque da industrialização, a temperatura média do planeta subiu 0,8 graus, e os cientistas acreditam que se continuar a aumentar e ficar dois graus mais acima no fim deste século, os efeitos serão devastadores para a vida na Terra.

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