“Dot-to-dot”: unir a sexualidade ponto-a-ponto

É uma revista e faz uma viagem no tempo pela história da sexualidade ao longo de várias épocas. Foi criada por Raquel Peixoto, que deu um novo uso ao jogo “join the dots”

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Nuno Fernando Pereira

Ponto-a-ponto. É desta forma que Raquel Peixoto conta a história da sexualidade. “Dot-to-dot” é o nome da publicação criada pela jovem estudante de Design da Comunicação. “Let’s talk about sex” — tema dos Salt-N-Pepa — é assim que começa a revista que aborda vários tópicos sobre a sexualidade ao longo de várias épocas.

“A primeira ideia foi mesmo fazer uma revista ponto-a-ponto e transformá-la numa revista pornográfica. Só depois achei que podia incluir mais alguma coisa”, conta Raquel ao P3. A revista é composta por textos e imagens de vários autores que, combinados, fazem uma viagem no tempo pela história da sexualidade, desde a Antiguidade Clássica até aos dias de hoje, passando pela Idade Média, o Renascimento e o aparecimento da fotografia e das revistas pornográficas.

Raquel pretende que o leitor faça uma reflexão e coloque várias questões em torno da sexualidade. “ ‘Dot-to-dot’ é uma forma de pôr as pessoas a pensar e a questionar o que é a sexualidade hoje? Como é que as pessoas a vêem? Ainda há realmente essa repressão? Hoje em dia liga-se muito a sexualidade à comercialização e ao poder”, explica.

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Alguns exemplares de revistas pornográficas incluídos na publicação. Nuno Fernando Pereira

Mas esta não é uma revista qualquer. Para além de dar uma nova utilidade a um jogo tradicionalmente característico das crianças – o “join the dots” – para criar imagens pornográficas, todas as páginas da revista estão fechadas. Só depois de abertas pelo picotado, é que o leitor tem acesso à informação. A jovem de 21 anos pretende que os leitores questionem e, simultaneamente, “brinquem com a situação”. A ideia é mesmo colocar os leitores a ligar os pontos e a descobrir as imagens.

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A viagem pela história da sexualidade começa com a estatueta Vênus de Hohle Fels. Nuno Fernando Pereira

Ao longo de 50 páginas, a publicação dá a conhecer várias curiosidades e pontos importantes da visão sobre a sexualidade em diferentes épocas da História. Questões de género, orientação sexual, repressão e discriminação social, comercialização, o discurso moderno sobre a sexualidade e as relações de poder são algumas das temáticas abordadas.

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Revista Dot-to-dot Nuno Fernando Pereira

Edição limitada

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Só depois de abrir as páginas pelo picotado é que o leitor tem acesso à informação. Nuno Fernando Pereira

Raquel é natural de Viana do Castelo e frequenta actualmente a ESAD (Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos). Anualmente, esta instituição propõe aos alunos do 1.º ano de mestrado em Design de Comunicação a realização de uma “pop-up shop”. “Este foi um projecto que nos foi proposto. A ideia era criar uma loja de apenas um dia com objectos que não fossem convencionais e que, normalmente, não encontramos numa loja qualquer ou fazer uma desconstrução: pegar num objecto e dar-lhe outro significado”, explica a jovem. “Dot-to-dot” foi um dos vários trabalhos expostos na “pop-up shop 2014”, realizada a 6 de Dezembro nas Galerias Lumiére.

No próprio dia do evento, Raquel conseguiu vender todas as revistas que tinha, cada uma com o custo de 14 euros. “Dot-to-dot” é uma edição limitada e, por isso, a jovem admite não saber se vai continuar a venda desta publicação, mas adianta que vai fazer mais alguns exemplares, depois de várias pessoas se terem mostrado interessadas em adquiri-la.

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