Governo e sindicatos da TAP tentam evitar greve que afecta 120 mil passageiros

Ministro da Economia e secretário de Estado recebem hoje sindicatos às 15h. Turismo lança duras críticas à paralisação.

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Ministro da Economia diz-se disponível para "ouvir" os sindicatos na reunião desta sexta-feira Rui Gaudêncio

O Governo vai receber a plataforma sindical da TAP hoje para tentar travar a greve de quatro dias agendada como protesto contra a privatização do grupo. A reunião, que juntará os 12 sindicatos, o ministro da Economia e o secretário de Estado dos Transportes, está agendada para as 15h e será crucial para perceber o destino dos cerca de 120 mil passageiros com reservas efectuadas para as datas da paralisação.

Sérgio Monteiro convocou os 12 sindicatos para estarem no Ministério da Economia às 15h, respondendo a um pedido de audiência que estes tinham feito ao secretário de Estado dos Transportes. O encontro também contará com a presença do ministro da Economia, Pires de Lima. 

Na quarta-feira, a partir de Boston (Estados Unidos), o ministro da Economia rejeitou fazer comentários aos protestos, mas disse, citado pela Lusa, estar disponível para “ouvir” os sindicatos. Já o secretário de Estado dos Transportes afirmou à TSF que a privatização contestada pelos trabalhadores “não é inevitável, mas é considerada crucial para o futuro da companhia”.

O encontro de hoje será decisivo para perceber se há bases para um entendimento entre a plataforma sindical e o Governo. E só quando terminar esta reunião é que a TAP decidirá como agir perante os pré-avisos de greve que já recebeu nas últimas horas. Nesta altura do ano, a companhia opera cerca de 300 voos diários, transportando 30 mil passageiros. Ou seja, a manterem-se, estes protestos poderão afectar perto de 120 mil pessoas.

A transportadora aérea calcula em oito milhões de euros os prejuízos de cada dia de paralisação neste período, o que significará uma perda total de 32 milhões de euros. Mas o impacto será necessariamente maior, visto que a greve não incide apenas sobre a actividade da aviação, estendendo-se a todas as empresas do grupo.

Os 12 sindicatos que se juntaram nesta greve, a que ontem se juntaram os tripulantes após uma reunião onde foi votada a adesão aos protestos, contestam os moldes e o momento escolhido para a privatização e, caso esta não seja suspensa, exigem participar activamente no desenho do caderno de encargos.

A venda da TAP foi relançada a 13 de Novembro pelo Governo, prevendo-se a venda de 66% do capital, numa primeira fase. Mas a intenção é vender os restantes 34% a médio prazo, no período de dois anos após a assinatura do contrato de venda e se o comprador cumprir as obrigações definidas. A intenção do executivo é que o processo esteja concluído no segundo trimestre de 2015. Aproveitando a marcação da greve, o secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, veio ontem recordar que defende que a venda da companhia se faça através da bolsa. 

Duras críticas à greve
A TAP está a enfrentar um ano recorde de protestos, que hoje se materializará em mais uma greve, desta vez dos tripulantes da companhia de aviação regional PGA. Os trabalhadores, que exigem o cumprimento do acordo de empresa, voltam a parar no domingo. A quase totalidade dos passageiros foi transferida para voos alternativos, pelo que não são esperados impactos significativos.

O sector do turismo, que também tem sido muito penalizado pela instabilidade que se vive na transportadora aérea, veio ontem criticar durante a greve de quatro dias entre o Natal e o Ano Novo. A associação das agências de viagens avisou que a paralisação provocará “prejuízos astronómicos”, prejudicando “de forma cruel” famílias portuguesas.

Já o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, disse, citado pela Lusa, que a greve põe “os interesses particulares à frente dos interesses colectivos”, considerando que o sector vai “certamente ser prejudicado”. E o presidente da Confederação de Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, afirmou ter uma “esperança muito grande” de que os protestos sejam desconvocados, considerando que seria uma “péssima notícia” que os sindicatos mantivessem a paralisação.

Ao final do dia de ontem, também a Associação da Hotelaria de Portugal veio alertar que os quatro dias de greve na TAP “colocam em risco receita turística prevista para este ano de 2014”.

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