Em Ponta Delgada, o artesanato apresenta-se na Rua, sob as mais diversas formas: presépios em lapinha, joalharia em escamas de peixe, pintura fotográfica e ilustração científica são algumas das disciplinas que compõem o MUA (Mercado Urbano de Artesanato), um projecto açoriano que funde o tradicional com o contemporâneo e tem como mote promover e divulgar o que o artesanato inspira.
“O MUA está na Rua”, é como que se apresenta a primeira edição de um projecto que se quer duradouro. Com a promessa de acontecer quatro vezes por ano, em diferentes sítios da cidade, este mercado pop-up ganha forma com as dez estruturas assinadas pelo Atelier Backlar – um espaço expositivo e de venda que se adapta às necessidades de cada artesão, já que permite alterar as posições da estrutura, tornando cada stand único e diferente do da edição seguinte.
É no Largo da Matriz que se encontram as estruturas que acolhem formas de artesanato já conhecidas pelo público geral, como os chocolates artesanais ou bonecos de presépio, e outras menos tradicionais como a ilustração científica de Verónica Melo, a pintura fotográfica de Vieira Pereira e a joalharia de Beatriz Rodrigues, feita em resina e vidro.
Há ainda o stand das Caetanas, que exploram técnicas tradicionais através de uma abordagem mais contemporânea, da qual resulta joalharia feita em escamas de peixe.
Além dos açorianos criadores, o MUA tem ainda espaço para criativos de fora da região: a Dama Aflita, galeria de ilustração e fanzines portuense, marca presença num dos stands trazendo a Ponta Delgada ilustrações originais, "prints" e fanzines, esta última, uma novidade em São Miguel, acolhida com curiosidade e interesse. Através da sua dinâmica, o MUA pretende revitalizar as ruas de Ponta Delgada, fazendo da cidade uma montra-viva sazonal que leva ao diálogo e obriga a descoberta de novos itinerários, novas formas de se habitar a cidade, e novas expressões artísticas: “ao lado da banca da Dona Noninhas, que faz "patchwork", está a banca de ilustração fotográfica da Vieira Pereira. A nossa preocupação era que o mercado estivesse equiparado neste sentido”, explica ao P3 Sofia Carolina Botelho, coordenadora do projecto.
Com tal variado leque de expressões artísticas, o artesanato é valorizado no mesmo espaço em que novas vertentes são dadas a conhecer: “Pessoas mais velhas, por exemplo, vêm pelos stands mais tradicionais, mas acabam por visitar os outros nem que seja por curiosidade”, conta Sofia Carolina.
O MUA é uma coprodução do CRAA (Centro Regional de Apoio ao Artesanato) e a associação Anda e Fala e mantem-se até domingo, dia 14, alargando o programa a actividades paralelas no sábado, dia em que as Conversas Açores organizam um informal diálogo entre os criadores e o público.
